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O explícito apoio da presidente Michelle Bachelet ao candidato da situação, Eduardo Frei, foi o centro da polêmica na quinta-feira, o último dia da campanha presidencial no Chile. As eleições ocorrem neste domingo.

"Um presidente ou uma presidente nunca, nunca, nem sequer dois ou três dias antes de uma eleição, pode se esquecer que é a presidente de todos os chilenos", disse o candidato opositor Sebastián Piñera em Talca, 250 quilômetros ao sul de Santiago, durante um de seus três comícios de encerramento. Piñera tentava conquistar votos brancos e nulos do primeiro turno de 13 de dezembro, porque a diferença que separa os dois candidatos era de apenas 126 mil votos, segundo algumas pesquisas.

Frei encerrou sua campanha com um ato em um bairro pobre ao sul de Santiago. Em um programa de televisão, minutos antes do início da proibição de se fazer campanha, pediu que os chilenos votem na Concertação, coalizão de centro-esquerda que governa o país desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet.

A última pesquisa previu que no domingo Piñera ganhará com apenas 1,8 ponto porcentual de vantagem. Frei reduziu bastante uma vantagem que era de entre 13 e 15 pontos em dezembro.

Os analistas concordam que a eleição "não é uma corrida definida" e que os candidatos disputarão voto a voto a presidência.

"Eu voto por ele porque é uma pessoa honesta", disse Bachelet. A presidente lembrou que, quando Frei optou pela vida pública, livrou-se de seus negócios pessoais sem esperar ser eleito. O comentário foi uma clara alusão a Piñera, magnata que mantém alguns negócios mesmo durante a corrida eleitoral.

Um porta-voz de Piñera disse que "poucos dias antes de uma eleição, um presidente tem que cuidar da democracia e não de fazer intervenção". Em Concepción, 500 quilômetros ao sul de Santiago, Piñera disse que "esta campanha se caracterizou pela intervenção eleitoral". O oposicionista garantiu que não acabará com o sistema de proteção social do país. "No meu governo governaremos para todos", garantiu ele.

DIFICULDADES POLÍTICAS – O novo presidente, seja Piñera ou Frei, terá dificuldades políticas, por não contar com maioria parlamentar, mas encontrará um cenário econômico melhor.

"O novo presidente precisará continuar com a política dos acordos como tem sido até agora. Acredito que se encontrará com um Congresso onde nenhum força tem a maioria e por isso será obrigado a negociar", comentou o cientista político Claudio Fuentes, da Universidade Diego Portales.

Há até dois anos, o governo teve uma leve maioria na câmara baixa e no Senado, mas mesmo assim era obrigado a negociar. Após o primeiro turno das eleições, quando foram eleitos senadores e deputados, o oficialismo ficou com 19 senadores, contra 17 direitistas e 2 independentes. Na câmara de deputados, a coalizão de esquerda que é o governo atual conta com 54 legisladores, frente a 58 dos direitistas. Os comunistas têm 3 deputados, enquanto 2 são independentes e outros 3 são ex-democratas cristãos.

Fuentes considera que se for eleito, Piñera poderá chegar a um acordo com a coalizão dos quatro partidos de centro-esquerda que governa o país há 20 anos.

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