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Obama durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em 23 de setembro: guerras do Afeganistão e Iraque e as negociações de paz entre Israel e Palestina são desafios do presidente norte-americano | Jim Watson/AFP
Obama durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em 23 de setembro: guerras do Afeganistão e Iraque e as negociações de paz entre Israel e Palestina são desafios do presidente norte-americano| Foto: Jim Watson/AFP

Repercussão

"Prêmio está em boas mãos", diz Lula

Da Redação com agências

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao comentar a concessão do Prêmio Nobel da Paz ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou que se trata de "uma conquista de um presidente que anunciou medidas importantes para conter o armamento nuclear, e isso certamente fez com que os homens dessem o prêmio para ele." E acrescentou: "O prêmio está em boas mãos".

Lula informou que enviou um telegrama a Obama felicitando-o pelo laurel e disse que talvez fale com ele por telefone nas próximas horas.

Questionado sobre se também almejaria receber um dia o Prêmio Nobel da Paz, Lula respondeu: "Essa coisa não se almeja". E brincou: "O dia em que eu almejar, eu me inscrevo, ou eu peço um abaixo-assinado".

A honraria ao presidente norte-americano também repercutiu positivamente em vários líderes pelo mundo. Para o presidente da França, Nicolas Sarkozy, "[Obama] personifica o retorno dos EUA ao coração dos povos do mundo".

A chanceler da Alemanha Angela Merkel disse: "Em pouco tempo, [Obama] conseguiu impor outro tom em nível mundial e gerar a disposição ao diálogo. É sem dúvida um estímulo para ele e todos nós".

Shimon Peres, presidente de Israel e ganhador do Nobel da Paz em 1994, lembrou o caráter imediato da premiação à Obama: "Muitos poucos líderes lograram mudar o espírito do mundo em tão pouco tempo e com semelhante impacto".

Pelo mesmo motivo, Michael Steele, líder do Comitê Nacional Republicano, opositor à Obama nos Estados Unidos, retrucou: "O que exatamente o presidente realizou [até agora]? Infelizmente o estrelismo de Obama fez sombra a pessoas incansáveis com reais conquistas em prol de paz e direito humanos".

  • conheça outros ganhadores e a trajetória de Obama

Nova Iorque - Um chamado para agir em prol da paz. Foi assim que o presidente dos EUA, Barack Obama, reagiu ontem ao saber que foi premiado com o Nobel da Paz. No comando de duas guerras, no Afeganistão e no Iraque, Obama foi escolhido para receber por seus "extraordinários esforços para fortalecer a diplomacia e a cooperação entre os povos". A decisão surpreendeu a comunidade internacional e até o líder norte-americano, que não esperava o prêmio

"Sinto-me surpreso e profundamente lisonjeado com a decisão da Comissão do Nobel. Mas deixe-me ser claro: não vejo isso como reconhecimento das minhas realizações, mas como uma afirmação da liderança americana em nome das aspirações dos povos em todas as nações", disse.

Obama foi o terceiro presidente norte-americano a ganhar o Nobel durante o mandato – os outros foram Theodore Roosevelt, em 1906, e Woodrow Wilson, em 1919. Jimmy Carter também foi premiado, mas em 2002 – mais de duas décadas depois de deixar a presidência.

No discurso de agradecimento na Casa Branca, no fim da manhã de ontem, Obama afirmou ter sido acordado pela filha Malia, que disse: "Papai, você ganhou o Prêmio Nobel." "Para ser honesto, não sinto que mereça estar na companhia de tantas figuras transformadoras que foram ho­­menageadas com esse prêmio – homens e mulheres que me inspiraram e inspiraram o mundo in­­teiro com suas co­­rajosas lutas pela paz", prosseguiu o líder americano, que, mais tarde, informou o que doará a premiação em dinheiro para a caridade.

Segundo a Casa Branca, o presidente irá para Oslo receber o prêmio em 10 de dezembro. Diferen­­temente dos outros Prêmios No­­bel, o da Paz é oferecido por um comitê norueguês, e não por instituições suecas. Na época de Alfred Nobel, Suécia e Noruega faziam parte de um mesmo reino.

Momento delicado

O anúncio ocorre numa semana em que Obama está envolvido em discussões sobre qual estratégia seguir no Afeganistão. O comandante das forças americanas, general Stanley McChrystal, pediu o envio de 40 mil soldados para se somarem aos 68 mil que já estão no território afegão – dos quais 21 mil foram enviados pelo próprio Obama neste ano. Alguns membros do governo, como o vi­­ce-presidente, Joe Biden, são contra. Os EUA também mantêm mais de 100 mil militares no Iraque.

O anúncio provocou reações antagônicas nos EUA e em outros países. De um lado, críticos disseram ter sido muito cedo para o pre­ ­sidente, que ainda não completou um ano de mandato, receber o No­­bel e, por enquanto, sua administração não alcançou nenhum resultado - com tropas americanas no Iraque, no Afeganistão, o risco de o Irã desenvolver uma bomba nuclear, pouco avanço no diálogo entre israelenses e palestinos e uma política para a Coreia do Nor­­te que não difere de seu antecessor, George W. Bush.

Já os defensores da premiação argumentam que Obama alterou a forma como a liderança norte-americana é vista internacionalmente, ao impor um discurso mais favorável à paz, como o realizado em junho no Cairo para o mundo islâmico.

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