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Resultado atrasa medidas contra a crise, dizem analistas

A maioria dos analistas econômicos coincide em que a eleição fez o governo Chávez atrasar medidas para compensar a queda do preço do petróleo venezuelano – de US$ 130, em julho, para apenas US$ 36 no final da semana passada.

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Entrevista: A favor

Nildo Ouriques, economista e presidente do Instituto de Estudos Latino-americanos da UFSC. Leia a entrevista.

Entrevista: Contra

Marco Antonio Vila, professor de História da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Leia a entrevista.

      Caracas - Em 1998, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, desembarcou no Palácio Miraflores (sede do governo), com o respaldo de 56,2% de seus compatriotas. No referendo de domingo, conseguiu aprovar sua proposta de emenda constitucional que permitirá sua reeleição indefinida com 54,85% dos votos. E logo após o resultado declarou-se candidato em 2012.

      Embora o governo tenha perdido apoio nos últimos tempos, foi um claro triunfo chavista, alcançado, em grande medida, pela incapacidade da oposição de construir uma alternativa que tenha apelo nos setores mais populares.

      No entanto, a vitória do presidente não garante um cenário de tranquilidade para os governistas. O chavismo está fortalecido, mas também mergulhado em disputas internas pelo poder acumulado em dez anos de gestão. Paralelamente, a crise econômica mundial e a queda no preço do petróleo ameaçam restringir as políticas assistencialistas, o que poderia aumentar a insatisfação dos mais humildes. A inflação venezuelana foi de 32% ano passado, a maior do continente. O preço do petróleo, praticamente o único produto exportado pelo país, despencou 72% desde julho.

      A oposição aposta no desgaste do chavismo e espera ressurgir das cinzas nas eleições parlamentares de 2010. A oposição, segundo admitiram dirigentes antichavistas, deverá encontrar um modo de penetrar na Venezuela que há décadas vive às voltas com altos índices de pobreza e acredita que o chavismo é a única saída.

      Grandes cidades

      De acordo com institutos de pesquisa, o "não" à emenda chavista venceu nas principais cidades, nas regiões que vivem da indústria petrolífera (a estatal PDVSA cortou a produção e está atrasando o pagamento a fornecedores) e também em bairros populares de Caracas, como Petare. Mas a oposição foi derrotada nas regiões rurais e nas principais favelas da capital venezuelana e do interior do país.

      "A oposição precisa encontrar a forma de chegar à Venezuela rural, porque nela o chavismo venceu com mais de 60% dos votos", explicou Nicolás Toledo, da Consultores XXI. "O problema é que os pobres não estão preocupados com a democracia. O que querem é não perder as esmolas que conseguem com o chavismo. O governo os convenceu que, sem o chavismo, acabarão as políticas sociais implementadas na última década."

      Chávez, assim que foi confirmada a vitória do "sim", disse que aqueles que votaram a favor da reeleição "votaram pelo socialismo, pela revolução".

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      Interatividade

      A vitória de Chávez vai influenciar outros países da América Latina a aprovar a reeleição indefinida?

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