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O chefe da Junta Militar de Mianmar, o general Than Shwe, aceitou se reunir na terça-feira com o enviado especial da ONU para Mianmar, Ibrahim Gambari, informou o Ministério da Informação. Gambari chegou a Mianmar no sábado com a missão de conseguir que o regime militar acabe com a brutal repressão aos protestos populares. Desde então, ele não pôde desde falar com Than Shwe. O representante da ONU estendeu sua estadia no país para se reunir com o homem forte do regime.

A principal cidade de Mianmar, Rangun, amanheceu em clima de aparente tranqüilidade. O governo retirou nesta segunda-feira as barricadas que cercavam o pagode de Shewdagon, templo que foi ponto de partida para os protestos liderados pelos monges budistas birmaneses. Ainda assim, soldados e funcionários do governo ainda revistavam bolsas e bagagens das pessoas, procurando camêras, e a internet continuava cortada.

Há postos de controle nos principais cruzamentos da cidade, veículos militares patrulham as ruas e os mosteiros continuam cercados por soldados. Em outros países, como Filipinas e Indonésia, houve novos protestos contra a ditadura birmanesa.

Segundo diplomatas, a reunião de Gambari com o general Than Shwe pode ser em Naypyidaw, a nova capital do país, para onde ele viajou após a reunião com Aung San Suu Kyi, a líder do movimento democrata birmanês que já recebeu o Prêmio Nobel da Paz e está há quatro anos sob prisão domiciliar. A ONU não informou, porém, se o enviado já está na capital.

O encontro com o general Than Shwe está envolvido em mistérios. É possível que o general faça Gambari aguardar até terça-feira pela reunião. Há também rumores freqüentes sobre a fragilidade da saúde de Than Shwe, de 74 anos, considerado um militar linha dura, atento às questões internacionais.

Fontes da ONU disseram que o encontro com o general é o objetivo principal de Gambari, que não pretende deixar Mianmar antes de vê-lo. O enviado especial cancelou a saída do país na noite de domingo, o que, segundo analistas, seria visto como um fracasso diplomático por não ser recebido por Tan Shwe ou pelo comandante do Exército, o general Maung Aye.

No domingo, Gambari teve uma conversa de mais de uma hora com Aung San Suu Kyi. Porta-vozes da Liga Nacional pela Democracia (LND), o partido de Aung, disseram que a líder terá de esperar Gambari sair do país para contar detalhes sobre as conversas e dizer se conseguiu a promessa da Junta Militar de interromper a repressão.

A última vez que Gambari visitou Mianmar foi em novembro de 2006. Na ocasião, ele se reuniu com a Junta Militar e com Aung sem conseguir sua libertação nem avanços na democratização.

Desta vez, os protestos começaram após o governo decretar o aumento dos preços dos combustíveis. As manifestações se intensificaram depois da repressão violenta contra monges budistas, que lideraram as grandes marchas que tomaram o país.

Pelo menos 16 pessoas morreram desde o dia 17, quando os monges birmaneses começaram uma série de protestos depois com a adesão de dezenas de milhares de pessoas que exigem a democratização do país, governado há 45 anos pelos militares. A repressão militar violenta despertou críticas até da China, principal aliada de Mianmar.

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