O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro: regime venezuelano quer anexar região equivalente a 70% da Guiana| Foto: EFE/Miguel Gutiérrez
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O Fundo Monetário Internacional (FMI) projetou em setembro que a Guiana, o segundo país menos populoso da América do Sul - com pouco mais de 800 mil habitantes -, será o que mais crescerá no mundo este ano, com uma expectativa de chegar a quase 40% de aumento do PIB (em 2022, a variação foi de 62%).

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Isso ocorre graças à exploração de petróleo, ouro e outros recursos naturais descobertos ainda em 2015 na região equatorial do rio Essequibo, que representa quase 70% do território guianense e tem sido alvo de interesse do ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, que reivindica a anexação da área.

O boom econômico começou a mostrar resultados há quatro anos, quando a empresa americana ExxonMobil iniciou operações na região explorando petróleo. A média extraída da commodity hoje é de 400 mil barris por dia, sendo a reserva total da petroleira estimada em 11 bilhões de barris.

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O crescimento exponencial da Guiana, alavancado pela descoberta e exploração do petróleo, foi o estopim para uma nova era em uma disputa histórica com a Venezuela pelo território de cerca de 160 mil quilômetros quadrados de área.

No domingo (3), a ditadura realizou um referendo para consultar a população sobre a anexação do território do país vizinho, que resultou numa aprovação de 95% de votos, segundo dados do Conselho Nacional Eleitoral (CNE).

Desde então, o líder do regime venezuelano tem anunciado uma série de medidas para iniciar seu projeto de tomada da zona marítima disputada com a Guiana, inclusive com a inclusão da área no mapa administrativo da Venezuela. Diante de um iminente conflito armado, o país vizinho disse ter acionado a ONU e aliados, a fim de tentar travar as ações da ditadura.

A Venezuela está entre os países com as maiores reservas de petróleo do mundo, no entanto, apenas a presença do recurso no território não é sinônimo de riqueza, como bem mostra o país marcado pela desastrosa administração do chavismo, desde 1999, que colocou o país em níveis de miséria históricos.

Apesar das riquezas naturais, a ditadura comandada por Nicolás Maduro enfrenta uma situação econômica cada vez mais crítica, com uma inflação interanual acima de 400% até agosto deste ano.

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Nesse contexto, o chavismo encontrou no Essequibo a falsa solução para os problemas financeiros da Venezuela e seus impasses políticos, às vésperas das eleições de 2024, nas quais Maduro busca a continuidade no poder contra as forças oposicionistas lideradas por María Corina Machado.

A produção de petróleo, principal fonte de rendimento da Venezuela e que representa 95% das receitas externas do país, caiu drasticamente nos últimos anos, principalmente pela má gestão da petroleira estatal PDVSA, que sofreu nas mãos de lideranças corruptas, apoiadas pela ditadura.

Em 2020, a Câmara Venezuelana do Petróleo afirmou que a capacidade de refino do país era 80% menor do que a que possuía em janeiro de 1999, mês anterior à posse de Hugo Chávez.

Além disso, o país deixou de investir em manutenção de equipamentos para retirada do recurso das zonas marítimas e sofreu os efeitos das sanções impostas pelos EUA, que foram levantadas parcialmente após um acordo recente para realização de eleições em 2024.

Em setembro, uma comitiva com altos funcionários da Venezuela realizou uma viagem diplomática para a China, em busca de investimentos em energia para impulsionar o setor petrolífero do país.

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Segundo o portal Bloomberg Línea, o Ministério do Petróleo da Venezuela tem trabalhado em estreita cooperação com os responsáveis da China National Petroleum (CNPC), na tentativa de eliminar intermediários da venda do recurso, para que o petróleo possa chegar diretamente a Pequim, apesar das sanções americanas.

Dados atualizados apontam que a CNPC produz atualmente 80 mil barris por dia, metade do que costumava produzir em 2015.

Em 2007, quando Hugo Chávez ainda liderava o governo de Caracas, Pequim se tornou um dos principais credores da Venezuela, quando começou a fazer investimentos em projetos de infraestrutura e petróleo. Os números estimados, na ocasião, mostram que o governo chinês emprestou mais de US$ 60 bilhões (R$ 294 bilhões) por meio de bancos estatais ao país.

O Irã, outro país que sofre sanções dos EUA, também é uma peça fundamental na atual produção petrolífera do regime de Maduro.

O economista José Toro Hardy, que foi membro do conselho de administração da PDVSA, afirmou à emissora britânica BBC que "a Venezuela está importando diluentes do Irã — nafta, condensados, óleo bruto leve — que estão sendo misturados ao óleo bruto extrapesado venezuelano do Cinturão do Orinoco para aumentar a produção".

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Segundo ele, apesar das assombrosas reservas naturais, o petróleo dessa região é "muito pesado" e está carregado de enxofre. Com isso, é preciso misturá-lo com produtos para desenvolver um petróleo mais comercial. Hardy disse que, no passado, a Venezuela produzia esses diluentes, contudo, o país fechou boa parte dos campos de petróleo em seu território e as refinarias trabalham bem abaixo da capacidade.

De acordo com o economista, em troca do fornecimento desses produtos fabricados no país persa, o Irã fica com parte da produção do petróleo retirado da Venezuela.

Esses desafios enfrentados num país em crise se estenderiam para o Essequibo. Durante uma visita à Guiana no início do ano, a correspondente internacional da revista inglesa The Economist, Avantika Chilkoti, destacou que a produção de petróleo em alto mar é uma indústria altamente especializada, sendo grande parte do trabalho feito por poucas companhias no mundo, que produzem dutos e ferramentas adequados para o serviço.

Corrida do "Ouro Negro" no Brasil

A descoberta de zonas petrolíferas na Guiana foi responsável por promover uma corrida pelo "ouro negro" no litoral norte do Brasil, em uma disputa que envolve grandes petroleiras e ambientalistas.

O motivo é a relativa proximidade da Floresta Amazônica e da foz do rio Amazonas, questão que tem freado a exploração local por impasses com o Ibama, que negou o pedido de licença em “função do conjunto de inconsistências técnicas” nos estudos apresentados pela Petrobrás.

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O trecho, que percorre o Rio Grande do Norte até o Amapá, é chamado de Margem Equatorial brasileira e é uma continuação da costa da Guiana e do Suriname. Com a descoberta, o Ministério de Minas e Energia (MME) estima que a região brasileira tenha aproximadamente 10 bilhões de barris recuperáveis comercialmente.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]