Presidente dos EUA, Joe Biden| Foto: EFE/EPA/Samuel Corum / POOL
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Os Estados Unidos estão trabalhando em pelo menos duas frentes para tentar conter a crescente influência tecnológica da China: por meio do fortalecimento da cadeia produtiva americana e de investimentos em pesquisa e tecnologia.

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Nesta terça-feira (8), o Senado americano aprovou um projeto de lei bipartidário de US$ 250 bilhões, batizado de Lei da Inovação e Concorrência, que tem como objetivo impulsionar os gastos do governo em pesquisa e desenvolvimento de tecnologia em meio à crescente competição com a China – um projeto que, mesmo carecendo ainda da aprovação da Câmara de Deputados, já gerou repúdio do governo chinês.

No mesmo dia, o governo do presidente Joe Biden anunciou uma estratégia para proteger as cadeias de abastecimento de produtos, como medicamentos e microchips. O documento de mais de 200 páginas não cita especificamente a China, mas algumas de suas recomendações são dirigidas à competição comercial com o gigante asiático.

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US$ 250 bilhões em investimentos

No Senado, a proposta para investir US$ 250 bilhões em tecnologia e manufatura – a maior parte deste montante nos próximos cinco anos – foi aprovada com 68 votos favoráveis e 32 contrários, uma das poucas propostas do governo votadas nesta legislatura que contaram com apoio de senadores republicanos – um sinal de mudança na postura dos republicanos em relação ao livre mercado e não-intervenção governamental na economia quando o assunto é impulsionar a economia dos EUA para competir com a China.

O projeto autorizaria cerca de US$ 190 bilhões para investimentos voltados para impulsionar pesquisas e desenvolvimento em universidades e instituições, inclusive US$ 52 bilhões para incentivar uma maior produção de semicondutores nos EUA, um ponto sensível na competição tecnológica e estratégica entre as duas maiores economias do planeta, já que os EUA vêm perdendo participação na fabricação global de semicondutores e a escassez de microchips no mercado expôs vulnerabilidades da cadeia de suprimentos deste produto.

"Quem ganhar a corrida para as tecnologias do futuro será o líder econômico global, com profundas consequências para a política externa e a segurança nacional", disse o líder da maioria no Senado, o democrata Chuck Schumer. "Se não fizermos nada, nossos dias como a superpotência dominante podem estar acabando. Não é nossa intenção deixar esses dias acabar sob nossa supervisão. Não queremos ver a América se tornar uma nação mediana neste século".

O governo do presidente Joe Biden disse recentemente que apoiava o projeto do Senado e continuaria a trabalhar com o Congresso para melhorá-lo e garantir que as metas de financiamento fossem cumpridas. "Esta legislação bipartidária é um passo importante para garantir que os EUA permaneçam globalmente competitivos no século 21", afirmou um comunicado da administração.

A legislação também prevê outras provisões relacionadas à China. Por exemplo, proíbe funcionários do governo dos EUA de comparecer na Olimpíada de Inverno de Pequim em 2022, citando preocupações sobre os direitos humanos do povo uigur. Também proíbe que o aplicativo chinês TikTok seja instalado em celulares de propriedade do governo e restringe a compra de drones fabricados e vendidos por companhias chinesas que recebem apoio de Pequim.

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O Comitê de Relações Exteriores do Congresso Nacional do Povo (NPC) criticou o projeto de lei nesta quarta-feira, afirmando que o texto está repleto de uma "mentalidade de guerra fria e preconceito ideológico". "Sob a bandeira de ‘inovação e competição’, [a legislação proposta] interfere nos assuntos internos da China e busca conter o desenvolvimento da China”, disse o Comitê de Relações Exteriores em um comunicado.

Cadeia produtiva

No mesmo dia em que a lei foi aprovada no Senado, a administração Biden publicou uma revisão de 250 páginas que contém novas medidas para sanar problemas relativos à cadeia de suprimentos de remédios, microchips, baterias e produtos essenciais para o setor de Defesa que dependem de importação de matérias raras.

Entre as medidas estão: formar um consórcio público-privado para a produção de medicamentos essenciais; investir na produção de células avançadas de bateria para veículos e no estabelecimento de novas fábricas; e estabelecer uma “força de ataque comercial” que vai propor ações contra o que o governo considera práticas desleais de comércio exterior.

O governo Biden também pediu que o Departamento de Comércio inicie uma investigação que pode levar a tarifas sobre ímãs de neodímio – usados ​​em motores e equipamentos de defesa e que são, em grande parte, importados da China.

Embora o documento não seja tão direto em suas preocupações com a China quanto a proposta que passou no Senado, está claro que muitas das medidas são voltadas a diminuir a dependência da produção americana em relação aos fornecedores chineses – que se tornou mais visível durante a pandemia.

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"... a China se destaca por seu uso agressivo de medidas – muitas das quais estão bem fora das práticas comerciais justas e globalmente aceitas – para estimular a produção doméstica e conquistar participação no mercado global em cadeias de suprimentos essenciais", diz o relatório do governo Biden, que faz mais de 400 menções à segunda maior economia do mundo.