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Presidente do México Felipe Calderón discursa durante a abertura da conferência climática da ONU | Reuters
Presidente do México Felipe Calderón discursa durante a abertura da conferência climática da ONU| Foto: Reuters

Cancún - Começou na segunda-feira a conferência climática da ONU, sob a expectativa de políticos e cientistas de que os quase 200 países participantes alcancem pelo menos um modesto pacote de medidas para enfrentar o aquecimento global.

"Nossa relação com a natureza está atingindo um ponto crítico", disse o presidente mexicano, Felipe Calderón, na abertura do evento, num vigiadíssimo hotel deste balneário caribenho. A conferência vai até 10 de dezembro.

"Precisamos mudar nosso estilo de vida de modo a conter a mudança climática, ou a mudança climática irá alterar permanentemente o estilo de vida da nossa civilização, e não será para melhor", disse ele.

Os delegados tentarão superar as divergências entre países ricos e pobres - e especialmente entre Estados Unidos e China - sobre como combater a mudança climática. A conferência anterior, no ano passado em Copenhague, terminou sem nenhum tratado de cumprimento obrigatório que substitua o Protocolo de Kyoto a partir de 2012.

Desta vez, as ambições são mais modestas. A ONU tenta promover a criação de um "fundo verde", que ajude nações em desenvolvimento a preservarem suas florestas e a se adaptarem ao novo clima. Outra meta da conferência de Cancún será formalizar o compromisso, assumido por vários países em Copenhague, de limitar o aquecimento a 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais.

Uma possibilidade para a política global seria prorrogar a vigência do Protocolo de Kyoto, que exige reduções nas emissões de gases do efeito estufa por parte dos países desenvolvidos. Os EUA, maior emissor entre os países desenvolvidos, não participam desse tratado.

Os países signatários dizem que aceitariam reduzir ainda mais suas emissões até 2020, substituindo o uso de combustíveis fósseis por energias renováveis, desde que os EUA e grandes economias emergentes, como Índia e China, assumissem a obrigação de também fazer reduções.

Os grandes países em desenvolvimento, no entanto, argumentam que reduzir as emissões - e portanto o consumo de energia - seria prejudicial aos seus esforços de combate à pobreza. Eles alegam que as nações ricas se beneficiaram mais das emissões de poluentes, e por isso deveriam arcar com o ônus de combater a mudança climática.

Por parte dos EUA, a vitória republicana nas eleições parlamentares de novembro praticamente sepulta as esperanças do governo de Barack Obama de aprovar uma legislação climática que resultasse nas reduções de emissões.

"Tapeçaria furada"

Em seu curto discurso na abertura da cerimônia, Christiana Figueres, chefe do Secretariado de Mudança Climática da ONU, mencionou quatro vezes a palavra "compromisso", e defendeu um "resultado equilibrado" para o evento.

"Uma tapeçaria cheia de furos não vai funcionar, e os furos possivelmente só poderão ser tapados por meio de compromissos", disse ela, afirmando estar convencida da possibilidade de um acordo.

Um novo fracasso na conferência deste ano lançará sérias dúvidas sobre o futuro do Protocolo de Kyoto, que salienta a importância do mercado de emissões de carbono como forma de controle.

Se o acordo expirar em 2012 sem uma prorrogação ou um tratado substituto, restará uma colcha de retalhos de políticas climáticas nacionais.

Em Bruxelas, a comissária climática da União Europeia, Connie Hedegaard, disse que as discussões correm o risco de "perder impulso e relevância" se não resultarem em um acordo.

Ela considerou lamentável que alguns países não tenham conseguido avançar - especialmente os EUA, que não aprovarem uma lei sobre cortes de emissões.

Jonathan Pershing, chefe da delegação norte-americana em Cancún, disse à Reuters que seu país está disposto a "avançar" em todas as questões, como financiamento climático e preservação florestal, mas só se for "no contexto de um pacote".

Separadamente, um relatório da Oxfam disse que mais de 21 mil vidas foram perdidas só no último ano devido a desastres climáticos.

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