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A cúpula do G20 na Austrália que começará no sábado (15) está se moldando para ser um confronto entre líderes ocidentais e o presidente russo, Vladimir Putin, após relatos de novas incursões de tropas da Rússia no leste da Ucrânia.

A Ucrânia acusa a Rússia de enviar soldados e armas para ajudar rebeldes separatistas no leste do país, depois de Kiev ter lançado uma nova ofensiva em um conflito que já matou mais de 4.000 pessoas. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, considerou as ações da Rússia como inaceitáveis nesta sexta-feira (14), alertando que poderiam resultar em maiores sanções dos Estados Unidos e da União Europeia.

"Ainda espero que os russos vejam o bom senso e reconheçam que devem permitir que a Ucrânia se desenvolva como um país livre e independente, livre para fazer suas escolhas", disse Cameron a repórteres em Canberra, capital australiana. "Se a Rússia adotar uma abordagem positiva em relação à liberdade da Ucrânia, veremos essas sanções sendo removidas, e se a Rússia continuar a piorar os problemas, então podemos ver essas sanções aumentadas. É simples assim."

A Rússia nega enviar tropas e tanques para a Ucrânia. Mas o aumento na violência, violações de cessar-fogo e relatos de entrada de comboios armados sem identificação vindos da direção da fronteira russa aumentaram os temores de que a trégua concordada em 5 de setembro possa ruir.

A cúpula dos líderes do G20 em Brisbane está focada em aumentar o crescimento econômico mundial, blindar o sistema bancário global e fechar buracos fiscais para multinacionais gigantes. No entanto, com grande parte da agenda econômica já acertada e um acordo de mudanças climáticas assinado na semana passada em Pequim entre os EUA e a China, as preocupações de segurança assumiram o debate central do encontro.

A Ucrânia não foi o foco durante as duas cúpulas na Ásia na semana passada, disse o vice-conselheiro de segurança nacional dos EUA, Ben Rhodes, embora o presidente Barack Obama tenha levantado o tema brevemente com Putin quando ambos se encontraram no fórum da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), realizado na China.

Obama chega a Brisbane no sábado e discutirá sua frustração sobre a Ucrânia com um grupo que inclui a chanceler alemã, Angela Merkel, o presidente francês, François Hollande, e também Cameron. Houve alguns pedidos na Austrália para barrar a participação de Putin na cúpula por conta das ações da Moscou na Ucrânia e pela derrubada do avião da Malaysia Airlines por rebeldes pró-Rússia, mas o consenso geral foi contra essa medida.

Relatos da imprensa dão conta que um comboio de navios de guerra russos chegou no começo desta semana a águas internacionais ao norte de Brisbane, onde será o evento. O primeiro-ministro australiano, Tony Abbott, disse ser incomum, mas não sem precedentes, que um navio russo se aventure tão ao sul. "Não esqueçamos que a Rússia tem sido mais assertiva militarmente nos últimos tempos", disse ele na quinta-feira.

"Estamos vendo, lamentavelmente, uma grande assertividade russa agora na Ucrânia." Merkel, falando a repórteres em Auckland, na Nova Zelândia, rejeitou quaisquer ameaças representadas pelos navios de guerra, mas juntou-se coro de líderes ocidentais contra Putin antes de sua chegada a Brisbane prevista para sexta-feira à noite.

"O que me preocupa mais é que a integridade territorial da Ucrânia está sendo violada e que o acordo de Minsk não está sendo seguido", disse ela, referindo-se ao acordo de trégua.

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