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Manifestantes a favor da independência da Catalunha protestam com bandeiras da comunidade autônoma em frente do parlamento regional em Barcelona | Reuters / Gustau Nacarino
Manifestantes a favor da independência da Catalunha protestam com bandeiras da comunidade autônoma em frente do parlamento regional em Barcelona| Foto: Reuters / Gustau Nacarino

Monarquia

Representante da união espanhola, rei caiu em descrédito

O rei Juan Carlos, símbolo da monarquia espanhola, deveria ser um elemento de unificação entre as comunidades autônomas. Sua figura pública, porém, não tem força entre a população. O descrédito – provocado por situações como a discussão pública com o presidente venezuelano Hugo Chávez, em 2007 – foi agravado em abril deste ano, quando o monarca espanhol foi acusado de caçar elefantes em extinção com dinheiro público.

25% dos espanhóis estão sem emprego. Cortes anunciados pelo governo de Mariano Rajoy podem elevar essas taxas.

  • Rei Juan Carlos da Espanha perdeu popularidade

Os cortes em serviços básicos para conter os efeitos da recessão espanhola aflorou o sentimento de independência na Catalunha e no País Basco. Entre as reivindicações contra as medidas de austeridade, os moradores dessas regiões clamam por autonomia em relação ao governo do primeiro-ministro Mariano Rajoy.

Os catalães e os bascos vivem em comunidades autônomas, com legislações independentes do governo central, em Madri. Ao lado da Galícia, esses territórios possuem línguas e identidades culturais completamente distintas da Espanha. Como pequenas nações dentro de um grande país.

A revolta contra as ordens do primeiro-ministro deu força aos movimentos nacionalistas dessas regiões. A Catalunha aprovou a proposta de um referendo para ver se a população quer a independência. No País Basco, a maioria dos parlamentares eleitos nesta semana é a favor da separação do governo espanhol.

Para que separação aconteça, no entanto, é preciso o aval do governo central. Algo que não deve acontecer, segundo Demetrius Pereira, professor de Relações Internacionais das Faculdades Rio Branco. "Juridicamente é difícil que essas regiões consigam independência. Seria preciso escrever uma nova constituição para a Espanha", explica.

A constituição espanhola, que data de 1978, foi escrita prevendo que os estados do país teriam certas autonomias, mas continuariam respondendo ao primeiro-ministro. Se quisessem criar novas nações, os bascos e catalães precisariam do apoio da comunidade internacional.

"Em média, os países não veem com bons olhos governos que decidem ter independência sem o apoio do país do qual se fragmentaram", explica Pereira. É o caso da Palestina, por exemplo, cuja condição de Estado ainda não é consenso entre os membros das Nações Unidas.

RestriçõesAlém das diferenças cul­­tu­­rais, as comunidades catalã e basca costumam olhar para o governo central com desconfiança. "É como se imagi­­nassem Madri como centrali­­zadora", diz Gilberto Ro­­­dri­­­­gues, professor de Re­­la­­ções­­­­ Internacionais das Fa­­cul­­­­­­dades Sta. Marcelina. Os cor­­­­tes provocados por Rajoy, por­­tanto, poderiam abrir es­­pa­­ço para restringir a autono­­mia já conquistada dessas regiões.

O governo de Francisco Franco (1939–1975) foi o­­ sím­­bolo dessa ameaça. Abo­­lin­­do línguas como o catalão, o basco e o galego da Es­­panha, o ditador sufocou a identidade cultural dessas regiões em prol de uma única nação. É nesse contexto que surgiu a organização terrorista ETA (Pátria Basca e Liberdade), que defendia a independência dos bascos. Embora os atos de violência do movimento tenham acabado, os sentimentos separatistas persistem. E as crises econômicas os alimentam.

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