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Ex-presidente argentina divulgou documento no qual acusa o atual mandatário de buscar um “caos planejado” com o objetivo de implementar a dolarização da economia
Ex-presidente argentina divulgou documento no qual acusa o atual mandatário de buscar um “caos planejado” com o objetivo de implementar a dolarização da economia| Foto: EFE/Juan Ignacio Roncoroni

A ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner (2007-2015) publicou nesta quarta-feira (14) um documento de 33 páginas no qual critica duramente o governo de Javier Milei, a quem chamou de “showman economista da Casa Rosada”.

A também ex-vice-presidente argentina (2019-2023) alerta no texto para o risco da dolarização como o verdadeiro norte das políticas de Milei e que o país “passa pela sua terceira crise de dívida”, depois daquela que teve origem na última ditadura (1976-1983) e foi desencadeada sob o mandato de Raúl Alfonsín (1983-1989), e a seguinte “incubada na convertibilidade e que implodiu em 2001”.

Segundo o texto, esta terceira crise está “germinada no processo de forte endividamento do governo de Mauricio Macri que implicou o regresso do FMI [Fundo Monetário Internacional] e por cujo desfecho estamos transitando”.

A ex-presidente critica no documento que Milei tem a dolarização como o “único plano de estabilização”, uma vez que, em sua opinião, o governo “implementou um programa de ajuste feroz que funciona como um verdadeiro plano de desestabilização”, que “realimenta a espiral inflacionária colocando a sociedade à beira do choque” e que “causará inevitavelmente um aumento do desemprego e do desespero social em uma espécie de caos planejado”.

Cristina Kirchner centra as suas críticas em dois ex-funcionários do governo de Mauricio Macri (2015-2019): o atual ministro da Economia, Luis Caputo, a quem chama de “arquiteto do endividamento em série” e do regresso do FMI para Argentina; e o assessor de Milei, Federico Sturzenegger, que foi presidente do Banco Central e “protagonista do ‘mega swap’ da dívida externa junto com Domingo Cavallo no governo de [Fernando] De La Rúa”.

A ex-presidente também adverte para o “risco” de “estrangeirização irreversível” do território argentino caso Milei desenvolva alguns postulados incluídos no Decreto de Necessidade e Urgência (DNU) e na chamada “Lei Ómnibus”, “em um século XXI que será caracterizado pela disputa pela propriedade da terra, da água e dos recursos naturais”.

Embora não questione a legitimidade da vitória de Milei nas urnas, Cristina afirmou que o presidente não pode “perder de vista” a “legitimidade no cargo”, que só pode ser alcançada “melhorando a qualidade de vida dos argentinos”.

No texto, a também ex-vice-presidente atribuiu a vitória do economista ultralibertário ao seu desempenho nas redes sociais e pelo papel da imprensa.

Por outro lado, reconheceu que “seria intelectualmente desonesto não mencionar a quebra do contrato eleitoral por parte do governo da Frente de Todos”, liderado por Alberto Fernández (2019-2023), que “não pôde ou não soube desatar o nó górdio da dívida para interromper o desenvolvimento desta terceira crise da dívida".

O governo de Fernández, do qual Cristina era vice, entregou a presidência da Argentina a Milei com a maior inflação do mundo, de 211,4% em 2023.

Além disso, ela enfrenta problemas na Justiça. No início do mês, a Câmara Federal de Cassação Penal rejeitou um recurso dela contra uma decisão que tinha revogado o arquivamento de um caso em que está sendo investigada por sua suposta colaboração no crime de lavagem de dinheiro, caso conhecido como “Rota do dinheiro K”.

Na semana que vem, a mesma corte inicia o julgamento de recursos apresentados por ela e outros réus condenados em dezembro de 2022 por supostas irregularidades na concessão de 51 obras públicas na província de Santa Cruz, berço político do kirchnerismo, durante as presidências do falecido Néstor Kirchner (2003-2007) e de Cristina.

Cristina Kirchner foi condenada no ano retrasado a seis anos de prisão e inabilitação perpétua para o exercício de cargos públicos pelo crime de administração fraudulenta de recursos públicos por este caso. (Com Agência EFE)

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