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Migrantes acampados na região de fronteira entre Estados Unidos e México recebem alimentos
Migrantes acampados na região de fronteira entre Estados Unidos e México recebem alimentos| Foto: EFE/EPA/ALLISON DINNER

Enquanto Estados Unidos e México prosseguem com a deportação de migrantes, a maioria haitianos, acampados debaixo e ao redor de uma ponte que liga os dois países, o presidente Joe Biden viu nesta terça-feira (21) as críticas pela crise humanitária subirem de tom – não só pela decisão de remover as cerca de 12 mil pessoas do local, mas também devido a imagens que mostram indícios de excessos durante esse trabalho.

Nesses registros, agentes da Patrulha de Fronteira aparecem montados a cavalo tentando agarrar migrantes na área do Rio Grande e usar os animais para empurrá-los de volta para o México, em alguns momentos gritando palavrões.

Numa foto, um agente a cavalo agarra um migrante pela camisa no lado americano do rio. O fotojornalista Paul Ratje, que capturou a imagem, descreveu que o agente trazia algo parecido com um chicote, mas alguns jornalistas e observadores disseram que o objeto seriam as rédeas do cavalo.

Nesta terça-feira, a vice-presidente Kamala Harris classificou as imagens como “horríveis” e cobrou uma investigação sobre o assunto. “O que vi foram aqueles indivíduos a cavalo, tratando seres humanos daquela forma, é horrível. E eu apoio totalmente o que está acontecendo agora, que é uma investigação completa sobre exatamente o que está acontecendo lá", afirmou Harris.

Também nesta terça-feira, o secretário de Segurança Interna dos Estados Unidos, Alejandro Mayorkas, se disse “horrorizado”, numa mudança de atitude em relação à véspera, quando havia anunciado a investigação e dito que a imprensa estava “presumindo fatos que ainda não foram determinados”.

“Vou deixar a investigação seguir seu curso. Mas as fotos que observei me perturbaram profundamente. Isso desafia todos os valores que buscamos incutir em nosso povo”, disse Mayorkas nesta terça à CNN, ao mesmo tempo em que defendeu as deportações. “Eu, de forma alguma, diminuo a questão humanitária que isso representa, mas quero deixar claro que temos um plano para lidar com isso, respeitando as necessidades dos indivíduos, e estamos executando esse plano”, argumentou.

As críticas de aliados de Biden continuaram no Senado, onde o líder democrata, Chuck Schumer, pediu ao presidente que acabe com as deportações em massa dos migrantes haitianos. “Exorto o presidente Biden a parar imediatamente com essas expulsões e acabar com esta política do Title 42 em nossa fronteira sul. Não podemos continuar com essas políticas odiosas e xenófobas do (ex-presidente Donald) Trump, que desconsideram nossas leis de refugiados”, disse Schumer.

O Title 42, mencionado pelo senador, é um mecanismo que permite a rápida expulsão da maioria dos imigrantes ilegais que são flagrados cruzando a fronteira dos Estados Unidos com o México, sob o argumento de evitar a disseminação da Covid-19 em instalações de detenção. Criada durante o governo Trump, em março de 2020, foi uma das políticas migratórias do antecessor mantidas por Biden.

O comissário do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, Filippo Grandi, disse nesta terça-feira que as deportações em massa dos haitianos podem infringir o direito internacional. Em comunicado, ele pediu a suspensão das expulsões relativas ao Title 42, alegando que “negam à maioria das pessoas que chegam à fronteira terrestre do sudoeste dos Estados Unidos qualquer oportunidade de solicitar asilo”.

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