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O ditador da Coreia do Norte Kim Jong-un con o líder chinês Xi Jinping, em encontro nesta semana em Pequim | Foto oficial/AFP
O ditador da Coreia do Norte Kim Jong-un con o líder chinês Xi Jinping, em encontro nesta semana em Pequim| Foto: Foto oficial/AFP

O líder norte-coreano Kim Jong-un se encontrou com o presidente chinês, Xi Jinping, durante uma visita secreta à China nesta semana, informou a mídia estatal chinesa e norte-coreana nesta terça-feira (27). A viagem, que oficialmente é a primeira de cunho internacional de Kim desde que chegou ao poder em 2011, acrescenta uma nova peça ao complexo enigma diplomático sobre o futuro do programa nuclear da Coreia do Norte.

O anúncio encerra um mistério que começou na segunda-feira, quando um trem não identificado chegou a Pequim.

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A Agência Coreana Central de Notícias (KCNA) confirmou que o visitante era de fato Kim, com sua esposa, Ri Sol Ju, chegando para uma visita “não oficial”, a convite do presidente chinês, Xi Jinping. A confirmação veio depois que o grupo norte-coreano teria saído da China.

Kim viajou com todos os seus principais assessores, disse KCNA, incluindo Choe Ryong Hae, muitas vezes chamado de líder número 2 da Coreia do Norte e chefe do poderoso Departamento de Orientação e Organização, e Ri Su Yong, ex-embaixador na Suíça e ministro das Relações Exteriores, agora alto funcionário do governo da Coreia do Norte.

A China e a Coreia do Norte têm laços estreitos há décadas, mas nos últimos anos o relacionamento foi enfatizado. A visita de Kim tem por fim fortificar a relação entre os dois países antes dos encontros marcados de Kim com o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, e depois com o presidente dos EUA, Donald Trump.

Os porta-vozes chineses e norte-coreanos apresentaram o encontro em tom positivo. “Falamos muito da necessidade dessa visita”, disse Xi a Kim, segundo a mídia estatal chinesa.

Por outro lado, Kim teria dito a Xi: “É oportuno que minha primeira viagem ao exterior seja para a capital da China, e é minha responsabilidade considerar e manter as relações com a Coreia do Norte perenes e valiosas”, segundo a KCNA.

O mistério sobre quem estava no trem blindado ocupou as atenções da capital chinesa durante dias. O trem chegou sem aviso prévio. Os passageiros desembarcavam e embarcavam em limusines. Depois do anoitecer, uma carreata dirigiu-se a uma pousada estadual, onde os dignitários estrangeiros costumam ficar.

Mas as autoridades e a mídia chinesas e o governo sul-coreano ficaram inicialmente calados sobre as identidades dos que estavam a bordo.

Internautas chineses encontraram palavras censuradas ao procurar respostas. Na terça-feira, três dos 10 principais termos bloqueados no Weibo, o site de buscas oficial chinês (os outros são censurados), foram “Kim Jong-un”, “Coreia do Norte” e “Fatty the third”, um apelido popular chinês para Kim.

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Trump

A secretária de imprensa da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, respondeu à notícia da visita de Kim dizendo que o governo chinês havia informado a administração de Trump sobre a visita na terça-feira. O informe continha ainda uma “mensagem pessoal do presidente Xi ao presidente Trump”, disse ela.

A administração Trump vê o desenvolvimento “como mais uma prova de que a nossa campanha de pressão máxima está criando a atmosfera apropriada para o diálogo com a Coreia do Norte”, disse Sanders.

Especialistas chineses disseram que a visita de um líder norte-coreano antes das reuniões com Moon e Trump era esperada.

“Em um momento possivelmente histórico, antes do início de novas negociações na península coreana, a China estava perdendo as atenções”, disse Cheng Xiaohe, especialista em Coreia do Norte da Universidade Renmin, em Pequim. Uma visita seria capaz de restaurar o papel de liderança de Pequim, ele argumentou.

Zhang Liangui, professor aposentado e estudioso da Coreia do Norte na Escola do Partido Central em Pequim, disse: “A questão nuclear da Coreia do Norte não pode ser resolvida confiando apenas nas negociações entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos porque, essencialmente, a questão nuclear é questão de segurança regional, não uma questão da relação entre a Coreia do Norte e os Estados Unidos”.

Os especialistas também disseram que o sigilo era padrão para os visitantes norte-coreanos. “O pai de Kim Jong Un, Kim Jong Il, empregou uma abordagem semelhante no passado”, disse Lu Chao, um especialista em Coreia do Norte na Academia de Ciências Sociais de Liaoning, na China. “Geralmente é uma visita secreta e depois divulgada após a saída do líder norte-coreano”.

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