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Muitos iraquianos que votaram nas eleições parlamentares desta quinta-feira afirmaram esperar ter escolhido candidatos "limpos", sem um histórico de corrupção, e alguns votaram em protesto contra o atual governo xiita-curdo. Após uma hora de ampliação do horário de fechamento das seções eleitorais, a votação terminou em todo o país sem o registro de grandes incidentes. A divulgação dos resultados finais pode demorar duas semanas.

- Votei no 618 porque eles parecem ser limpos - disse Iman al-Sameraie, mostrando o dedo manchado de tinta roxa após votar em uma lista dos candidatos árabes sunitas.

Os centros de votação abriram suas portas nesta quinta-feira em todo o Iraque, na primeira eleição para formar o Parlamento desde a queda de Saddam Hussein. As votações foram realizadas normalmente apesar de explosões isoladas em algumas cidades.

De acordo com o enviado da Organização das Nações Unidas (ONU) ao país, Ashraf Qazi, as eleições foram bem-sucedidas.

- Os relatos indicam que houve um bom comparecimento, que o pleito foi inclusivo e que a segurança foi mantida. São boas indicações de sucesso - disse eles.

Como muitos outros, a dona-de-casa de 46 anos parecia mais motivada pela frustração com o governo do que por esperanças nos candidatos:

- É hora de mudar, porque o que os outros fizeram não foi muito bom.

Perto dali, um garoto em uma bicicleta circulava pelo posto eleitoral de Yarmuk, em Bagdá, com uma bandeira iraquiana - para muitos, o símbolo de unidade em um país dividido.

Todos os políticos iraquianos fizeram as mesmas promessas de campanha: mais segurança, melhores serviços, retomada econômica. Mas muitos eleitores disseram estar em busca de líderes honestos.

- Não agüentamos mais os corruptos - disse Mohammed Taha. - Precisamos de um Ministério do Interior que nos proteja, não que nos mate - emendou o sunita.

Os sunitas acusam o Ministério do Interior xiita de sancionar esquadrões da morte para torturar e matar membros da minoria sunita. As autoridades negam.

A estudante xiita Zeinab Bayati disse que decidiu fazer de seu voto um protesto:

- Não votei no ano passado porque não estava convencida. Ainda não estou, mas não agüento mais este governo, então decidi votar contra ele. Não temos nada. Onde está a segurança? O que eles fizeram? As pessoas estão sofrendo muito.

Outros, no entanto, admitiram votar em linhas sectárias.

- A segurança é uma questão e a liberdade é uma questão e, é claro, que quero que este país avance. Mas no fim das conta eu sou um xiita e não posso mudar isso - afirmou Abdul Hussein Abdul Razak, funcionário público aposentado.

SEGURANÇA REFORÇADA - Cerca de 15 milhões de iraquianos estão habilitados para votar em uma eleição que muitos esperam que ponha fim a décadas de sofrimento, melhore os padrões de vida e fortaleça o caminho para a retirada da força militar liderada pelos Estados Unidos que derrubou Saddam em abril de 2003. O pleito é a última fase do cronograma estabelecido por Washington para a democratização do país árabe.

Desde o Golfo Pérsico até as fronteiras montanhosas com a Turquia e o Irã, os cidadãos se dispunham a votar nos mais de 6 mil postos, prontos para que as autoridades pintem seus dedos para evitar o voto múltiplo e a fraude.

A seguança foi reforçada, cerca de 150 mil soldados e policiais iraquianos patrulham as ruas para prevenir os atentados suicidas com bombas e os assassinatos que mataram cerca de 40 pessoas na última eleição, realizada em 30 de janeiro.

A rede Al-Qaeda e outros grupos extremistas muçulmanos de combatentes prometeram atacar a eleição, mas o tom de suas ameaças tem sido menor ao utilizado em janeiro, e a campanha prévia à votação tem sido, para os sangrentos padrões iraquianos, relativamente calma.

Uma da medidas de segurança aplicadas é a proibição de que veículos circulem pelas ruas, assim os eleitores devem se movimentar a pé até o centros de votação.

Apesar disso, espera-se que entre 70 e 80% dos cidadãos habilitados vão às urnas, contra os 59% que participaram em janeiro e os 64% que participaram no referendo sobre a nova constituição.

Sem pesquisas de opinião confiáveis, os observadores políticos esperam que a Aliança Iraquiana Unida, um grupo de partidos islâmicos dentro da atual coalizão de governo, alcance uma maior quantidade de votos.

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