À esquerda: sandinistas celebram expulsão de 222 dissidentes da Nicarágua com foto do ditador Daniel Ortega, fevereiro de 2023. À direita: Papa recebe ucranianos na Cidade do Vaticano, dezembro de 2022.| Foto: EFE/Jorge Torres/Cristina Cabrejas
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As relações diplomáticas entre a Santa Sé e o regime vigente na Nicarágua, que já não estavam boas após o ditador Daniel Ortega perseguir líderes católicos no país latino-americano, pioraram este mês. Neste sábado (18), o site Vatican News informou que o Monsenhor Marcel Diouf, encarregado de negócios da Nunciatura em Manágua, capital nicaraguense, foi para a Costa Rica “a pedido” do regime, fechando o escritório diplomático na sexta (17).

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O pedido do governo ditatorial nicaraguense foi feito no dia 10. Seguindo as diretrizes estabelecidas pela Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, a custódia da Nunciatura Apostólica, junto a seus bens, foi entregue à Itália. Monsenhor Diouf recebeu solidariedade dos representantes diplomáticos da União Europeia, Alemanha, França e Itália instalados na Nicarágua antes de sua partida.

A reação de Ortega veio no mesmo dia em que o Papa Francisco chamou seu regime de ditadura e condenou a prisão do bispo Rolando Álvarez, um dos críticos de Ortega, em entrevista ao jornal argentino Infobae. O Papa também comparou o regime ao nazismo e ao comunismo, e disse que o ditador é “desequilibrado”.

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No dia 8, o Vatican News informou que o regime “confiscou” duas universidades cristãs, a Juan Pablo II e a Cristiana Autónoma. O Ministério do Interior exigiu que as instituições entregassem informações sobre alunos, matrículas e registros acadêmicos ao Conselho Nacional de Universidades. A Juan Pablo II foi fundada pela organização pontifícia Caritas em 1993 e, além de graduação, também oferece diplomas de pós-graduação.

Antes, no dia 2, um grupo de direitos humanos da Organização das Nações Unidas publicou um relatório denunciando os abusos da ditadura de Ortega contra os dissidentes. Segundo o documento, ao menos 40 pessoas foram executadas, hospitais foram proibidos de tratar feridos pelas forças do Estado, 222 tiveram suas cidadanias revogadas e foram expulsas em um avião para os Estados Unidos em fevereiro.

Os emissários da ONU também condenaram a perseguição ao bispo Álvarez, que se encontra preso e condenado a 26 anos de reclusão. Ele se recusou a ser incluído entre os deportados, ficando no país. Entre as acusações do regime, está a disseminação de fake news. Outro bispo perseguido, Silvio Baez, está em exílio em Miami. Ele saiu da Nicarágua após ameaças de morte em abril de 2019. Assim como o colega, Baez intensificou críticas à ditadura de Ortega especialmente após a repressão sangrenta de manifestantes em 2018.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]