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O Ministério da Agricultura anunciou nesta sexta-feira (15) a suspensão temporária das missões da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) no Haiti.

O órgão é um dos setores do governo que mantinha programas de reestruturação no território haitiano. Com o terremoto de intensidade 7 que devastou o país na terça-feira (12), o governo optou por alterar o cronograma de atividades e não divulgou previsão de data para a retomada dos trabalhos. Nenhum dos pesquisadores da Embrapa estava naquele país durante o terremoto.

Segundo o pesquisador da Embrapa Hortaliças, Nuno Madeira, as próximas missões de cooperação técnica estavam previstas para o início de março. "Não tivemos prejuízos físicos ou estruturais com o terremoto. Nosso principal trabalho é repassar conhecimento técnico aos agricultores haitianos", explica.

A Embrapa Hortaliças colabora com o projeto de revitalização da fazenda experimental do governo haitiano, base para o desenvolvimento de pesquisas e transferência de tecnologia para milho, arroz, feijão e mandioca. As variedades foram selecionadas e adaptadas ao clima tropical do Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil, semelhante ao Haiti. O programa fomenta a melhoria do sistema de produção com sustentabilidade, tendo atividades agendadas até o fim deste ano.

Terremoto

A Agência de Pesquisas Geológicas dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês) publicou boletim com as estimativas de população exposta a cada nível de estrago causado pelo terremoto no Haiti. O número de pessoas é agrupado de acordo com a escala de intensidade dos efeitos do tremor, chamada Mercalli Modificada, sempre estimada. A MM é diferente da Richter, que indica precisamente a magnitude do terremoto.

Segundo o boletim da USGS, 137 mil pessoas foram expostas ao nível 10 ou superior da escala Mercalli Modificada. Para que se tenha uma ideia do que isso significa, no nível 10 a maioria das construções é destruída até suas fundações, ocorrem danos sérios a barragens e diques e acontecem grandes escorregamentos de terra; na 11, trilhos de trens são "bastante" entortados e tubulações são completamente destruídas; na 12, o último nível da escala, ocorre destruição quase total, níveis topográficos são alterados e objetos são atirados ao ar.

Três cidades selecionadas como exemplo pelo USGS sofreram efeitos de intensidade 10: Petit Goave, com 15 mil habitantes, Leogane, com 12 mil, e Grand Goave, com 5 mil. A capital, Porto Príncipe, com 1,23 milhão de habitantes, o nível estimado na escala Mercalli foi 8 (com colapso parcial das construções; queda de muros de alvenaria, monumentos e torres e trincas no chão).

Magnitude x Intensidade

Para comparar os tamanhos relativos dos terremotos, o sismólogo americano Charles F. Richter, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, formulou em 1935 uma progressão logarítmica com base na amplitude dos registros das ondas superficiais de choque captadas pelas estações sismológicas: cada ponto corresponde a 10 vezes a amplitude das vibrações do ponto anterior e a 30 vezes mais energia liberada.

A magnitude Richter não tem limite inferior nem superior. Tremores tímidos podem ter magnitude negativa. O máximo depende só da natureza. Para ter uma ideia do que é um terremoto de magnitude 9, imagine uma rachadura se abrindo desde o Rio de Janeiro até São Paulo com deslocamento lateral de 10 metros entre os dois blocos.

Já a Mercalli é uma classificação de efeitos que as ondas provocam em um determinado lugar. É extraída de observação e relatos de vítimas, não de instrumentos. Portanto, está sujeita a subjetividades. Além disso, um tremor de alta magnitude no Japão, com edificações concebidas para resistir a terremotos, atinge pontos na escala Mercalli muito mais baixos do que em um país despreparado para enfrentar o fenômeno.

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