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Como o senhor avalia a recente declaração do Papa em que ele admitiu o uso de camisinhas, como forma de proteção, por profissionais do sexo?

Num primeiro momento, isso é um indicativo de uma resposta da Igreja à pressão de dados empíricos epidemiológicos.

A Igreja na sua história tem a característica de responder a determinadas coisas que a sociedade considera óbvia como demanda, mas dentro de um tempo que parece lento. Isso é um fato: a forma como a Igreja se relaciona com o seu passado, com o mundo secular no qual a gente vive. Agora, num nível mais profundo – ou seja, isso é uma coisa a se provar nas próximas declarações e análises que vierem a acontecer por conta de gente que representa aIgreja, a partir da Igreja – quando você está falando de uma relação sexual que envolve prostitutos ou prostitutas é uma relação que já pressupõe, de algum modo, a exclusão do amor.

Como a Igreja Católica vê a relação entre o uso do preservativo, amor e sexo?

A discussão da igreja com relação ao uso da camisinha está sempre relacionada ao problema do amor, o que normalmente não se entende. A Igreja não separa sexo de amor. E a nossa sociedade é uma sociedade que cada vez mais faz essa separação.

Qual é então o "x" da questão?

O problema da camisinha para Igreja é que o modo de evitar a aids é, antes de tudo, a abstinência sexual e a fidelidade ao casamento. O outro problema para a Igreja é que a camisinha inviabiliza, a priori, a reprodução.

E o sexo não pode ser um instrumento que inviabilize a reprodução. Quando você está num ato sexual com uma prostituta ou um prostituto é lógico que não está em jogo o ato da reprodução.

A declaração de Bento XVI indicaria então um início de "abertura" na Igreja?

Acho que a Igreja não vê como abertura. O [Papa] Ratzinger vê como um cuidado com as características de uma vida no pecado. O sexo com prostitutas ou prostitutos é um sexo no pecado. Então é claro que – olhando do lado de fora – isso pode ser interpretado como uma espécie de abertura.

Se não se trata de uma sensibilização com a epidemia de aids, o que seria então?

É um discernimento em relação a uma atividade sexual que não é pautada pela possibilidade da reprodução, pela intenção repro­­dutiva. E este é um conceito orga­­nizador da vida afetiva. Não é um dogma, mas uma forma da Igreja contemplar as relações afetivas e sexuais que devem sempre acontecer no âmbito do amor.

Há outras questões polêmicas que foram contempladas no livro sobre o Papa, como a situação dos homossexuais. Segundo o livro, a Igreja não condena o ser humano homossexual, mas sim sua escolha.

A Igreja nunca condena o pecador; ela condena o pecado. O pecador é sempre passível de redenção. O homossexual deve viver em celibato. Nesse caso é fácil compreender a posição da Igreja.

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