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Protesto organizado pelo Partido Comunista da Grécia contra o governo, em Atenas | Yiorgos Karahalis/Reuteres
Protesto organizado pelo Partido Comunista da Grécia contra o governo, em Atenas| Foto: Yiorgos Karahalis/Reuteres

Primeiro-ministro adia para hoje anúncio do novo governo

O primeiro-ministro grego, George Papandreou, adiou ontem o anúncio de composição de seu novo gabinete. O novo governo socialista será conhecido hoje. De acordo com Papandreou, "a reforma ministerial tem como objetivo dar mais eficácia e coesão ao go­­verno".

O primeiro-ministro explicou aos deputados socialistas – com quem se reuniu ontem por seis horas, a portas fechadas – que levaria em conta suas opiniões na hora de compor o novo gabinete.

Segundo a imprensa grega, a reforma do governo deveria pressupor a saída do ministro da Eco­­nomia, George Papacons­tanti­­nou, articulador do sistema fi­­nanceiro do país. Apesar de ele ser bem avaliado pelos credores da Grécia, seu nome foi convertido em bode expiatório pelos de­­putados socialistas após a divulgação do novo plano de austeridade.

George Floridis, candidato a suceder Papaconstantinou, re­­nunciou como deputado criticando a política econômica do governo como errada e injusta. Floridis representava os governistas no debate parlamentar para uma nova rodada de medidas de austeridade, um pré-re­­quisito para a Grécia conseguir um novo pacote de ajuda da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI). O outro a renunciar foi o deputado Ektoras Nasiokas, também por discordar da atual política econômica.

Com os dois nomes de ontem, subiu para quatro o número de membros do Partido Socialista grego que deixaram a sigla apenas nesta semana. Há a expectativa de que mais políticos façam o mesmo. Com pouco mais da metade dos 300 postos no Parlamento, os socialistas não podem ter muitas outras deserções.

Papandreou voltou a aeplar por um novo empréstimo da EU. "Ou a Europa escreve a história ou a história vai descartar a União Europeia", disse. (AFP)

"Contágio"

Britânicos temem onda de greves no país

Londres - Enquanto assistem de longe à crise grega, os britânicos temem que a onda de greves atinja o país. Sindicatos de professores, servidores públicos e condutores de trens já aprovaram paralisações, que devem ocorrer dia 30.

Se tiverem êxito, farão o país lembrar das paralisações dos anos 1980 contra as medidas liberalizantes de Margaret Thatcher.

As razões dos protestos ecoam as de outros países europeus: corte ou congelamento de salários, redução de aposentadorias, aumento de impostos para reduzir o déficit público.

Ontem, a economia britânica teve nova má notícia. As vendas no comércio caíram 1,4% em maio. Temendo desemprego, as pessoas deixam de comprar. A oposição pediu a redução do IVA (imposto sobre o consumo) para aquecer a economia.

O governo usa o exemplo grego para manter a política de austeridade.

Na Grécia, a taxa de desemprego na Grécia fechou 2010 em 12,6% e alcançou 15,9% no primeiro trimestre deste ano, segundo a Autoridade de Estatísticas Grega.

O aumento coincide com a crise financeira que levou a Grécia à recessão, agravada por rigorosos planos de austeridade para reduzir o deficit orçamentário. A faixa de idade entre 15 e 29 anos é a mais afetada, com um índice de desemprego de 30,9% no primeiro trimestre. (Folhapress)

Londres - A União Europeia (UE), o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o governo grego tentaram ontem ganhar tempo para encontrar uma saída e evitar o que muitos acreditam ser inevitável: um ti­­po de calote na dívida do país.

A UE e o FMI anunciaram que irão liberar a nova parcela de 12 bilhões de euros (R$ 27 bilhões) que a Grécia tem a receber do empréstimo de 110 bilhões de euros (R$ 249 bilhões) acertado em maio de 2010.

Também afirmaram que um novo empréstimo, que pode passar de 120 bilhões de euros (R$ 270 bilhões), deverá ser aprovado no início do próximo mês. Isso afastaria o risco de calote pelo menos até o mês de setembro.

O primeiro-ministro grego, George Papandreou, que muitos acreditam estar com os dias contados no cargo, afirmou que não irá renunciar. "Vocês podem confiar em mim, e eu irei apoiar o esforço nacional para tirar a Grécia da crise", afirmou.

Sem controle

A situação grega se agrava a cada dia. O empréstimo obtido há 13 meses não foi suficiente para acalmar os mercados, que exigem juros cada vez mais altos para rolar a dívida do país, que só aumenta.

O governo já adotou uma série de medidas para cortar os gastos, mas o resultado tem sido aumento do desemprego (que passa dos 15%) e desaceleração da economia.

A insatisfação popular também cresce, junto com o número de greves gerais e protestos, como a realizada anteontem, e a pressão política da oposição.

O governo agora precisa aprovar no Parlamento um novo pacote, que inclui mais impostos, cortes de funcionários e privatizações. Mas há insatisfação mesmo no partido governista.

Nas ruas, manifestantes proclamam aos gritos que já é hora de dar um calote na dívida e romper com o euro, a moeda comum de 17 países da União Europeia.

O temor de que isso aconteça atinge as economias de outros países do continente. A Espa­­nha, por exemplo, pagou os ju­­ros mais altos em 11 anos para vender títulos de dez anos no mercado (5,75%, quando a Ale­­manha, referência no continente, paga 2,92%).

No caso da Grécia, os juros exi­­gidos passam de 17%.

Divergências

As principais economias europeias não chegam a um consenso sobre um novo empréstimo à Grécia. Enquanto a Alemanha defende que todos os países do bloco devem socorrer o parceiro, o governo britânico reluta em usar o dinheiro dos contribuintes para esse fim.

Os britânicos insistem em não se envolver com a crise grega, argumentando que se trata de um problema exclusivo da zona do euro, da qual não fazem parte. Em contrapartida, autoridades alemãs afirmaram que os 27 países da região têm o dever de contribuir com o resgate.

"Nós não queremos fazer parte de qualquer segundo pacote de assistência europeu para a Grécia", declarou um porta-voz do Tesouro britânico.

Segundo o site do jornal Le Monde, o presidente francês Nicolas Sarkozy, preferiu um discurso conciliador e pediu aos países europeus para "exercer um espírito de responsabilidade e de senso de compromissos ne­­cessários" para defender o euro, ameaçado pela contínua crise da dívida grega.

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