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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.| Foto: AFP

O ex-advogado do FBI Kevin Clinesmith se confessou culpado em um tribunal federal em Washington, D.C. nesta quarta-feira (19), admitindo que alterou um e-mail usado para solicitar uma autorização de espionagem contra o ex-conselheiro de campanha de Trump, Carter Page. O caso de Clinesmith é o primeiro processo criminal derivado de uma revisão que o procurador dos EUA John Durham está fazendo sobre a atuação de agentes federais durante a investigação da ligação entre a campanha de Trump e o governo russo em 2016.

Clinesmith era um advogado designado para trabalhar junto com agentes do FBI que em meados de 2016 passaram a investigar um suposto conluio entre o governo russo e a campanha do então candidato Donald Trump para interferir nas eleições presidenciais daquele ano. A investigação ganhou o nome de Crossfire Hurricane e, como parte dela, o FBI passou a vigiar Carter Page, um dos assessores de política internacional da campanha do republicano, que já havia morado na Rússia e tinha relações com pessoas próximas ao Kremlin.

Para conseguir a autorização para vigiar Page, o FBI precisou de um mandado do Tribunal de Vigilância de Inteligência Estrangeira dos Estados Unidos (FISA, na sigla em inglês). Clinesmith foi quem assessorou os agentes para conseguir tal documentação. Foi nesse processo que ele alterou um e-mail que posteriormente foi enviado ao tribunal para justificar o pedido para grampear Page.

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Esse e-mail adulterado dizia que Page não era uma fonte para a Agência Central de Inteligência (CIA), o que, segundo analistas foi essencial para que a corte concedesse ao FBI a autorização para vigiar o conselheiro da campanha de Trump - o que aconteceu até meados de 2017. Porém, o e-mail original que a própria CIA havia mandado para Clinesmith indicava que Page era um de seus “contatos operacionais” e que ele havia providenciado informações sobre seus contatos com oficiais da inteligência russa.

Em sua defesa, Clinesmith disse nesta quarta feira que na época não sabia que a alteração que fez no e-mail não correspondia à verdade. “Na época, eu acreditava que as informações que fornecia no e-mail eram precisas, mas concordo que as informações que inseri no e-mail ainda não estavam lá”, disse Clinesmith durante a audiência de quarta-feira.

O Departamento de Justiça dos EUA, na revisão que está conduzindo sobre a atuação de agentes federais na investigação Crossfire Hurricane, havia acusado Clinesmith de adulterar o e-mail deliberadamente para incluir uma declaração falsa.

Um relatório do inspetor-geral do DOJ, Michael Horowitz, publicado no ano passado, já tinha apontado as falhas dos investigadores do FBI ao fornecer informações imprecisas ou ao omiti-las para conseguir que Page fosse colocado sob vigilância eletrônica. "Na preparação dos pedidos da FISA (Lei de Vigilância de Inteligência Estrangeira) para vigiar Carter Page, a equipe do Crossfire Hurricane não cumpriu as políticas do FBI e, ao fazê-lo, ficou aquém do que é esperado por uma agência policial responsável por uma ferramenta de vigilância tão intrusiva", conclui o relatório, sem especificar se esses erros foram resultado de uma tendência política por parte dos investigadores.

Na semana passada, quando a defesa de Clinesmith anunciou que ele confessaria a adulteração do e-mail, Trump disse acreditar que esse primeiro processo da investigação de Durham é “apenas o começo”. “O fato é que eles espionaram minha campanha e foram pegos. E você ouvirá mais”.

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