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O chefe do Exército tailandês, Sonthi Boonyaratglin, prometeu devolver o poder ao povo "o mais rapidamente possível", depois que as Forças Armadas do país derrubaram o primeiro-ministro do país, Thaksin Shinawatra, e tomaram o poder na terça-feira.

- O conselho não tem intenção de dirigir o país por si mesmo e devolverá o poder sob a monarquia constitucional ao povo o mais rápido possível - disse Sonthi, que apareceu na televisão ao lado de outros quatro integrantes do Conselho de Reforma Política, na manhã desta quarta-feira (horário local).

Os militares aproveitaram a ausência de Thaksin Shinawatra, que participava da Assembléia Geral da ONU, em Nova York, para assumir o controle de Bangcoc na terça-feira. Enquanto tanques cercavam a sede do governo, as TVs divulgavam um comunicado dizendo que o Exército assumia o controle da capital e das províncias vizinhas. A nota pedia calma à população, uma vez que a tomada do poder visava uma volta à democracia após reformas políticas e seria temporária.

Sem disparar um único tiro, o Exército declarou lei marcial e anunciou a criação de uma comissão para reformar a Constituição do país. Os militares ordenaram a todos os soldados que voltassem a seus quartéis e proibiu o movimento não autorizado de tropas. A quarta-feira foi declarada feriado.

Estado de emergência

Em Nova York, o primeiro-ministro Thaksin Shinawatra declarou estado de emergência, em uma tentativa aparentemente sem sucesso de impedir o golpe, e cancelou o discurso que faria na Assembléia Geral das Nações Unidas.

O primeiro-ministro deposto chegou nesta quarta-feira a Londres, de onde deverá acompanhar os acontecimentos no seu país. Um porta-voz do governo Tony Blair informou que Thaksin não fez pedidos para ter encontros com ministros ou outras autoridades do país europeu. O governo britânico disse não ter informações de quanto tempo o ex-premier permanecerá em Londres. Uma de suas filhas mora e estuda na cidade.

Os Estados Unidos pediram uma solução pacífica para o impasse. A União Européia se declarou preocupada. E o secretário-geral da ONU, Kofi Annan , deixou claro que as Nações Unidas não apóiam nenhuma mudança de Governo que não seja democrática.

Thaksin vinha enfrentando uma grave crise nos últimos meses, acusado por adversários de minar a democracia. O ex-premier Weerasak Kohsurat disse que o assessor real Sumate Tantivejakul deve comandar a comissão de reforma constitucional, e que um governo interino seria formado enquanto as reformas políticas são definidas. Eleições seriam convocadas em breve, e Thaksin poderia se candidatar, segundo ele.

A nota foi divulgada logo depois de Thaksin telefonar de Nova York para um canal de TV para declarar que a capital estava "sob severo estado de emergência". A transmissão foi interrompida após dez minutos, enquanto o primeiro-ministro, que fez fortuna no ramo das telecomunicações, ainda falava.

No seu pronunciamento pela TV, Thaksin, acusado de corrupção e abuso de poder, ordenou que as tropas não fizessem "deslocamentos ilegais" e exigiu que o comandante do Exército, Sonthi Boonyaratglin, se reportasse imediatamente ao primeiro-ministro interino Chidchai Vanasatidya. Determinou também que o comandante supremo das Forças Armadas, Ruangroj Mahasaranond, implemente o estado de emergência.

Fervilhando

A Tailândia vinha fervilhando com especulações de um golpe. Motoristas ligaram na semana passada para emissoras de rádio depois de verem tanques se movimentando pela capital - segundo o Exército, era um falso alarme, provocado pela volta de soldados de exercícios. A eleição geral de outubro foi adiada na semana passada, provavelmente para novembro.

O baht tailandês, uma das moedas mais fortes da Ásia neste ano, sofreu sua maior desvalorização em três anos, horas depois do golpe.

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