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Fotografias de uma arma nas sombras e de um homem aos prantos tocaram um nervo exposto na Espanha, fazendo surgir apelos dramáticos para que seja cancelada uma exibição do Museu Guggenheim de Bilbao acusada de mostrar os rebeldes do grupo basco ETA sob um enfoque positivo.

A coleção de fotos em preto e branco que ilustram o conflito no País Basco, imagens de autoria do fotógrafo Clemente Bernard, deixaram furiosos os parentes de vítimas do ETA e os conservadores espanhóis, hoje na oposição.

Uma foto particularmente polêmica mostra um homem chorando sobre o caixão de um membro do ETA morto. Ao lado dela há uma imagem menos tocante: um policial, com o fuzil de assalto na contraluz, protege o funeral de um colega morto.

"Essa mostra não condena a violência terrorista", afirmou o Coletivo das Vítimas do Terrorismo no País Basco, cujos membros incluem parentes de várias das 800 pessoas mortas pelo ETA em quatro décadas de luta pela independência daquela região.

Os familiares das vítimas ficaram particularmente indignados ao ouvir que uma foto de Bernard, ausente da exposição, mostrava o raio-X de um crânio despedaçado do político basco Miguel Angel Blanco, morto pelo ETA em 1997.

O Partido Popular (PP), conservador, propôs uma moção no Parlamento basco pedindo o cancelamento da exibição. O PP aparece logo atrás dos socialistas, atualmente no governo, nas pesquisas de intenção de voto para o pleito geral de março próximo.

"As fotos relativizam os crimes do ETA", afirmou o PP.

O museu Guggenheim de Bilbao, que completa dez anos de existência, afirmou que só suspenderá a exibição se receber uma ordem judicial para fazê-lo. Em um catálogo que acompanha a mostra, afirma-se que ela "nem condena e nem justifica" a ação do ETA.

Apenas uma minoria dos moradores do País Basco deseja a independência da Espanha, e apenas uma minoria dos separatistas concorda com as ações violentas do grupo guerrilheiro.

Mas a questão da independência basca regressou ao primeiro plano, transformando-se na principal questão debatida no cenário político da Espanha hoje, depois de, no mês passado, o chefe do governo daquela região ter defendido a realização de um tipo de plebiscito que poderia abrir negociações sobre a questão.

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