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Anbar era um símbolo de resistência da insurgência sunita, mas em 2004 caiu nas mãos das tropas americanas | Wathiq Khuzaie / Reuters
Anbar era um símbolo de resistência da insurgência sunita, mas em 2004 caiu nas mãos das tropas americanas| Foto: Wathiq Khuzaie / Reuters

Os militares norte-americanos entregaram nesta segunda-feira (1) o controle da outrora violenta província de Anbar às forças iraquianas. A transferência é um marco no plano dos Estados Unidos para deixar o Iraque, após a invasão em 2003.

Mas funcionários americanos alertaram que a luta contra a Al-Qaeda no Iraque e outros grupos insurgentes não estava encerrada na região oeste do país. A área foi palco de alguns das mais sangrentos confrontos nos últimos cinco anos.

"Essa guerra não está encerrada, mas tem sido vencida, e sobretudo pelo povo de Anbar. A Al-Qaeda não foi completamente derrotada em Anbar, mas o fim deles está próximo e eles sabem disso", disse o general John Kelly, principal comandante dos EUA em Anbar, durante a cerimônia de entrega do poder.

A mudança de controle não implica na retirada das tropas norte-americanas da região - estimadas em 25 mil soldados. A extensa província, em grande parte deserta, se estende a oeste de Bagdá até as fronteiras com Síria, Jordânia e Arábia Saudita. Porém as tropas dos EUA interromperão as patrulhas e se concentrarão no treinamento do Exército e da polícia iraquianos.

O presidente dos EUA, George W. Bush, avaliou a entrega da área às forças locais como um grande feito. "As forças iraquianas tomarão agora a liderança nas operações de segurança em Anbar, com as tropas americanas assumindo um papel de monitoramento", afirmou Bush em comunicado distribuído pela Casa Branca.

Anbar é a 11ª província - de um total de 18 - que passa ao controle iraquiano. A região era um foco da insurgência sunita. A cidade de Faluja tornou-se um símbolo da resistência sunita, até cair sob controle das tropas americanas, em novembro de 2004, no mais violento combate urbano da guerra.

A província era a base da Al-Qaeda no Iraque e seu líder, Abu Musab al-Zarqawi, usava a região como ponto de parada estratégico antes de ataques a Bagdá por terra. Zarqawi foi morto em um ataque aéreo americano, em 2006.

Dois anos atrás, um relatório de inteligência dos fuzileiros navais americanos apontava que a guerra estava "perdida" em Anbar. Mas pouco depois da divulgação do texto, ainda em 2006, parte da comunidade árabe sunita da região iniciou uma operação contra a Al-Qaeda no Iraque. Muitos líderes tribais se opuseram às táticas brutais da Al-Qaeda, incluindo os assassinatos em massa de civis xiitas e de alguns líderes sunitas contrários ao grupo.

Os líderes sunitas organizaram os chamados Conselhos do Despertar, que uniram forças com as tropas dos EUA para acabar com a presença da Al-Qaeda. Com isso as forças estrangeiras conseguiram tomar o controle da capital provincial, Ramadi, e de outras cidades importantes.

Anbar é considerada hoje uma das partes mais estáveis do Iraque. Ainda assim persiste uma tensão entre os Conselhos do Despertar e o governo central de Bagdá, predominantemente xiita. Nesta segunda-feira, por exemplo, um chefe de conselho reclamou que Bagdá não valoriza a ação dos grupos locais contra a Al-Qaeda, dando mais atenção aos laços que eles possuíram no passado com o ex-líder Saddam Hussein.

A cerimônia realizada nesta segunda-feira havia sido adiada várias vezes. Os motivos alegados para algumas delas foi o clima ruim, ou desentendimentos entre os governos locais e central sobre o controle das forças de segurança.

Apesar da segurança ter aumentado, em junho um suicida matou mais de 20 pessoas, incluindo três fuzileiros navais americanos e líderes pró-EUA, na cidade de Karmah, 32 quilômetros a oeste de Bagdá.

Negociação

Em Bagdá, um alto assessor do primeiro-ministro Nouri al-Maliki disse que Bagdá enviou uma série de alterações para um acordo de segurança entre o país e os EUA. O funcionário falou sob condição de anonimato.

Funcionários afirmaram que os dois lados concordaram, em princípio, com um cronograma que prevê uma grande retirada de forças dos EUA do país até o fim de 2011. Mas Maliki já deu a entender que seu governo não está satisfeito com o rascunho até agora discutido. As informações são da Associated Press.

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