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O módulo de pouso Vikram antes da tentativa de pouso lunar, em 6 de agosto de 2019
O módulo de pouso Vikram antes da tentativa de pouso lunar, em 6 de agosto de 2019| Foto: AFP PHOTO / INDIAN SPACE RESEARCH ORGANISATION (ISRO)

A tentativa da Índia de fazer um pouso na Lua fracassou nesta sexta-feira (6), quando o controle da missão perdeu contato com o módulo de pouso que estava a 2,1 quilômetros da superfície lunar. Se o pouso fosse bem sucedido, a Índia seria o quarto país a conquistar o feito, depois de Estados Unidos, Rússia e China.

Lançada em julho, a Chandraryaan-2 (cujo nome significa veículo lunar) completou com sucesso órbitas na Terra e na Lua e estava pronta para executar o pouso controlado no polo sul da Lua, uma região inexplorada. Se tudo corresse conforme o planejado, um rover de seis rodas batizado de Pragyan circularia pela superfície da Lua algumas horas depois do pouso. Das 38 tentativas já feitas de pouso suave na Lua, apenas cerca de metade foi bem sucedida. Em abril, Israel tentou pousar uma espaçonave na superfície lunar, mas falhou nos momentos finais.

Nos momentos tensos antes da descida, a transmissão ao vivo da sala de controle da agência espacial mostrava as fileiras de cientistas em frente aos computadores. Cerca de dez minutos após o início da descida do módulo de pouso, a narração ficou em silêncio enquanto os oficiais conversavam apreensivos. K. Sivan, diretor da agência espacial, anunciou então que a comunicação com o módulo havia sido perdida.

Jornalistas acompanham a missão lunar indiana na unidade de comando da Organização Indiana de Pesquisa Espacial (ISRO) em Bangalore, 6 de setembro de 2019
Jornalistas acompanham a missão lunar indiana na unidade de comando da Organização Indiana de Pesquisa Espacial (ISRO) em Bangalore, 6 de setembro de 2019| Manjunath Kiran / AFP

Especialistas haviam alertado que o pouso do módulo Vikram, batizado em homenagem ao primeiro diretor da agência espacial indiana, seria desafiador. "O pouso controlado é a parte mais crucial do exercício", disse Patrick Das Gupta Dasgupta, professor de física e astrofísica na Universidade de Delhi. "Entre a altitude de 33 quilômetros até zero é o período mais assustador".

A missão tem sido motivo de grande orgulho nacional. O primeiro-ministro Narendra Modi estava presente na sala de controle da Organização Indiana de Pesquisa Espacial (ISRO), em Bangalore, durante a tentativa de pouso, e deixou o centro da agência espacial após a perda de contato com o módulo de pouso. Antes de sair, Modi disse aos cientistas envolvidos com a missão para "serem corajosos". "Existem altos e baixos na vida. O país está orgulhoso de vocês", disse o primeiro-ministro, segundo o jornal India Today.

O sucesso da missão teria ajudado a aliviar um pouco a pressão sobre o governo Modi, que enfrenta um cenário econômico cada vez mais sombrio, marcado por baixos números do PIB e altas taxas de desemprego.

"O módulo de pouso com a bandeira da Índia alcançando a Lua é muito simbólico", disse Pallava Bagla, editor de ciências de um canal de televisão, antes da tentativa de pouso. "Diz respeito ao nacionalismo e orgulho de 1,3 bilhão de pessoas".

Os dados de telemetria estão sendo analisados pelo ISRO para descobrir o que deu errado com o módulo minutos antes do pouso. Entretanto, a sonda orbitadora Chandrayaan-2 continua em órbita, coletando dados científicos e estudando a superfície lunar.

A primeira missão lunar da Índia, a Chadrayaan-1, lançada em 2008, foi importante para a descoberta de moléculas de água na superfície da Lua. A missão atual tinha a tarefa de procurar a presença de água e mapear a topografia da Lua.

Interesse lunar

A missão da Índia surge no momento em que outras nações e empresas estão de olho na superfície lunar. Este ano, a China pousou uma espaçonave no lado oculto da lua, uma feito inédito e histórico, e planeja pousar outra nave nos próximos meses.

A agência espacial americana NASA está tentando desesperadamente retornar à Lua - e esperava fazê-lo este ano. No ano passado, a agência espacial escolheu nove empresas qualificadas para licitar contratos para levar especialistas em ciências para a superfície lunar. "É importante voltarmos à Lua o mais rápido possível", disse o administrador da NASA Jim Bridenstine a repórteres este ano.

Enquanto isso, o governo Trump ordenou à agência espacial dos EUA que leve astronautas novamente à Lua até 2024, um prazo difícil que muitos acham que será difícil de cumprir.

Um dos sucessos do programa espacial da Índia tem sido sua relação custo-benefício. O Chandrayaan-2 custou US$ 141 milhões, uma fração do que os Estados Unidos gastaram em sua histórica missão lunar Apollo. A Índia também iniciou os preparativos para enviar uma missão tripulada ao espaço até 2022.

"O mundo reconheceu a competência da Índia no espaço quando o país chegou a Marte em sua primeira tentativa", disse Bagla. "O país produz foguetes, satélites e possui um programa ativo para enviar seres humanos ao espaço por um quarto do custo".

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