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A polêmica morte do italiano que pediu para seu médico desligar os aparelhos que o mantinham respirando teve um novo desdobramento nesta sexta-feira, quando a Igreja Católica Romana italiana negou o pedido da família por um funeral religioso.

Piergiorgio Welby, cujo caso comoveu a Itália por meses, morreu no fim da noite de quarta-feira. O poeta, de 60 anos, sofria de distrofia muscular avançada e se comunicava apenas por meio de um computador que interpretava os movimentos de seus olhos.

A família, muito religiosa, pediu que o funeral fosse realizado na paróquia local. Mas um comunicado do Vaticano disse que a igreja "não podia atender" ao pedido da família, pois Welby estava consciente e claramente queria morrer.

"Welby afirmou repetidas vezes publicamente seu desejo de terminar com a própria vida, o que é contra a doutrina católica", disse o comunicado.

Segundo o texto, a Igreja ainda assim "rezará pela salvação eterna do falecido" e estará perto da família nesse momento de sofrimento.Foto de arquivo de Piergiorgio Welby, em setembro de 2006 - EFE

O padre Marco Fibbi, porta-voz da Igreja, disse ainda que a negação de um funeral religioso para o poeta foi uma maneira de mandar "um sinal claro para os fiéis católicos de que o que Welby fez não é aceitável".

Segundo ele, um enterro religioso para Welby poderia se tornar um evento de mídia que mandaria um sinal errado para o público.

Mina, a viúva de Welby, disse em entrevista coletiva que soube da decisão da Igreja pelo padre de sua paróquia.

Não foram dados detalhes sobre como será o funeral de Welby.

A decisão da Igreja provavelmente será alvo de crítica dos italianos, muitos dos quais disseram achar legítimo que Welby quisesse o desligamento dos aparelhos.

O médico Mario Riccio, que desligou o respirador depois de dar sedativos a Welby, afirmou nesta sexta-feira que fez isso para pôr fim a uma vida que o próprio poeta descreveu como "tortura". Riccio disse estar com a consciência tranqüila.

O médico negou que tenha feito eutanásia, que é ilegal na Itália. Ele pode ser condenado a uma pena de dez a 15 anos de prisão.

- O caso de Welby não é uma eutanásia. É uma recusa ao tratamento - disse Riccio, em entrevista coletiva na quinta-feira.

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