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O Irã tem usado aviões civis para levar pessoal militar e muitas armas para o governo da Síria, através do espaço aéreo iraquiano, segundo um relatório de inteligência ocidental ao qual a Reuters teve acesso. Autoridades dos Estados Unidos disseram neste mês que estavam interpelando o Iraque a respeito dos voos iranianos suspeitos. Na quarta-feira, o senador norte-americano John Kerry ameaçou rever a ajuda dos EUA a Bagdá se tais sobrevoos não pararem.

O Iraque diz não autorizar o trânsito de armas pelo seu espaço aéreo. Mas o relatório entregue à Reuters por uma fonte diplomática da ONU diz que armas iranianas estão sendo remetidas via Iraque para o governo de Bashar al Assad em operações organizadas pela Guarda Revolucionária do Irã.

O texto diz que "contrariando declarações de autoridades iraquianas (...), aviões estão voando do Irã para a Síria via Iraque quase diariamente, transportando pessoal do CGRI (Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica) e dezenas de milhares de armas para as forças de segurança sírias e as milícias que lutam contra rebeldes."

Acusações de que o Iraque estaria sendo tolerante com o tráfico de armas Irã-Síria não são novidade, mas o relatório afirma que a dimensão desses carregamentos é muito maior do que se admitia publicamente, e muito mais sistemática, graças a um acordo entre autoridades iraquianas e iranianas.

Ali al-Moussawi, assessor do primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki, rejeitou as acusações do relatório. "O Iraque rejeita as alegações sem fundamento de que permite que o Irã use seu espaço aéreo para enviar armas para a Síria", disse ele. "O primeiro-ministro sempre defendeu uma solução pacífica para o conflito na Síria."

A questão do envio de armas do Irã para a Síria foi citada repetidamente na quarta-feira numa audiência do Senado dos EUA que examinou a nomeação de Robert Beecroft para o cargo de embaixador em Bagdá.

O democrata Kerry, presidente da Comissão de Relações Exteriores, questionou Beecroft, atual embaixador-adjunto, sobre o que a embaixada está fazendo para convencer os iraquianos a impedirem o Irã de usar seu espaço aéreo para o envio de armas. Beecroft disse que ele e outros funcionários deixaram claro às autoridades locais que esse trânsito deve parar.

No domingo, a imprensa iraniana publicou declarações do general Mohammad Ali Jafari, comandante da Guarda Revolucionária, em que ele dizia que a instituição oferece ajuda não-militar à Síria e ao Líbano. Ele acrescentou que Teerã poderia se envolver militarmente na Síria se houvesse ameaça de ataque ao país aliado. No dia seguinte, no entanto, a chancelaria iraniana desmentiu as declarações.

Dois aviões Boeing 747 apontados pelo relatório como envolvidos no tráfico de armas - o de prefixo EP-ICD, da Iran Air, e o EP-MNE, da Mahan Air - estão entre as 117 aeronaves afetadas por sanções impostas na quarta-feira pelo Departamento do Tesouro dos EUA. A lista inclui também aviões da empresa Yas Air, acusada por especialistas da ONU, junto com a Iran Air, de envolvimento no envio de armas para a Síria.

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