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Javad Zarif
O ministro das Relações Exteriores iraniano, Javad Zarif| Foto: Kena Betancur/AFP

O Irã prometeu cumprir integralmente o acordo de 2015 que impede o país de desenvolver armas nucleares se EUA e Europa também honrarem seus compromissos, disse nesta quinta-feira (3) o chanceler iraniano, Mohamed Javad Zarif. O presidente americano, Donald Trump, retirou o país do pacto em 2018, dizendo que o tratado não era suficiente para conter os programas nuclear e balístico do Irã ou sua influência no Oriente Médio.

No entanto, o democrata Joe Biden, que está prestes a ganhar a presidência dos EUA no Colégio Eleitoral, afirmou que retomará o acordo se antes Teerã voltar a obedecê-lo rigorosamente. O democrata afirmou que pretende trabalhar com os aliados tradicionais do país para "reforçar e ampliar" as negociações com o Irã.

Falando por videoconferência para um seminário em Roma, Zarif disse que o chamado Plano de Ação Conjunta Global (JCPOA, na sigla em inglês) não pode ser renegociado, mas pode ser ressuscitado. "Os EUA têm compromissos. Não estão em posição de estabelecer condições", disse.

Nova lei

Na quarta-feira, o Parlamento do Irã aprovou uma lei que obriga o governo a suspender inspeções da ONU em suas instalações nucleares e acelerar seu enriquecimento de urânio além do limite estabelecido pelo pacto de 2015, caso as sanções americanas não forem amenizadas dentro de dois meses.

Zarif disse que, embora o governo não tenha gostado do teor do texto aprovado, irá implantá-lo. "Mas não é irreversível", observou. "Os europeus e os EUA podem voltar a cumprir o acordo. Se o fizerem, recuaremos não somente nesta nova lei, mas vamos nos desfazer de outras ações que adotamos no período. Voltaremos ao cumprimento integral (do acordo)."

O chanceler disse que as sanções econômicas impostas pelo governo americano já custaram US$ 250 bilhões (cerca de R$ 1,2 trilhão) aos iranianos e tornaram impossível ao país comprar remédios e vacinas para combater o coronavírus, que está impondo um fardo particularmente pesado ao país – o Irã superou ontem a barreira de 1 milhão de casos.

Segundo Zarif, as medidas americanas estão impedindo que empresas europeias façam negócios com o Irã, o que acaba com a esperança de haver uma recuperação da economia desde que o acordo de 2015 foi assinado.

"Os europeus dizem que estão cumprindo integralmente (o acordo), mas eles simplesmente não estão. Não vemos nenhuma empresa europeia no Irã, não vemos nenhum país europeu comprando petróleo do Irã, não vemos nenhum banco europeu nos enviar nosso dinheiro", protestou.

Tensão

A morte do cientista Mohsen Fakhrizadeh, chefe do Departamento de Pesquisa e Inovação do Ministério da Defesa, na semana passada, aumentou a tensão no Oriente Médio. O assassinato foi visto pelos iranianos como uma operação israelense, que teria com objetivo impedir a aproximação entre Biden e Irã.

Em meio à escalada das ameaças, o governo dos EUA decidiu retirar funcionários de sua embaixada em Bagdá antes do fim do governo de Trump. Um funcionário do Departamento de Estado, que pediu anonimato, descreveu a ação como uma "redução de risco" temporária.

Há também o temor de represálias contra a morte do líder militar iraniano Qasem Soleimani, que completará um ano em 3 de janeiro – ele foi atacado por um drone americano quando saía do aeroporto de Bagdá. "O Departamento de Estado ajusta continuamente sua presença diplomática nas embaixadas", informou o órgão.

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