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O presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad: "Acho que não há necessidade de criar problema para o presidente Lula e enviá-la [Sakineh] ao Brasil" | Atta Kenare/AFP
O presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad: "Acho que não há necessidade de criar problema para o presidente Lula e enviá-la [Sakineh] ao Brasil"| Foto: Atta Kenare/AFP

Talebans apedrejam casal até a morte

Folhapress, em São Paulo

Cabul - Militantes talebans no norte do Afeganistão apedrejaram um jovem casal até a morte por cometerem adultério. Segun­­do um grupo de direitos humanos, foi o primeiro caso de apedrejamento registrado no país desde a queda do regime linha-dura islâmico, em 2001.

O grupo radical islâmico Taleban ordenou a execução, aparentemente, por causa de um caso entre um homem casado com uma mulher solteira no distrito de Dasht-e-Archi, na Província de Kunduz. A mulher, Sadiqa, tinha 20 anos e era noiva de outro ho­­mem, segundo o chefe de polícia local, o general Abdul Raza Yaqoubi.

Seu amante, Qayum, 28 anos, deixou a mulher para fugir com Sadiqa, e os dois ti­­nham se escondido na casa de um amigo cinco dias antes.

Multidão

O casal foi descoberto por mi­­litantes do Taleban no do­­min­­go, e apedrejados até a morte diante de uma multidão de cerca de 150 homens.

A mulher foi trazida a público e apedrejada primeiro, e o ho­­mem cerca de meia ho­­ra de­­pois.

  • Entenda o caso

Brasília e Teerã - O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, disse em entrevista à emissora de tevê oficial Press TV, com transmissões em inglês, que não permitirá a vinda ao Bra­­sil de Sakineh Ashtiani, condenada a morrer apedrejada por adultério.

"Existe um juiz, e os juízes são independentes. Mas conversei com o chefe do Judiciário, e ele também não concorda’’, disse. "Acho que não há necessidade de criar problema para o presidente Lula e enviá-la ao Brasil.’’

Horas depois, a Embaixada do Irã em Brasília soltou um comunicado questionando se o Brasil te­­ria de ter, no futuro, um lugar pa­­ra abrigar criminosos estrangeiros.

"Quais são as consequências desse tipo de tratamento a criminosos e assassinos? [...] Será que a sociedade brasileira e o Brasil te­­rão de ter, no futuro, um lugar pa­­ra criminosos de outros países em seu território?’’, questiona.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse no dia 31, durante comício em Curitiba, que usaria a sua "amizade’’ com o iraniano pa­­ra interceder por Sakineh, símbolo de uma mobilização internacional anti-Irã, em prol do respeito aos direitos humanos.

"Se essa mulher está causando incômodo, a receberíamos de bom grado’’, afirmou. Dias de­­pois, Lula afirmou que, "como cristão’’, não podia imaginar "al­­guém ser apedrejado por traição’’.

Dias depois, Ramin Meh­­man­­parast, o porta-voz da Chancelaria do Irã, foi a público afirmar que o brasileiro fizera a proposta sem "informações suficientes’’ sobre o caso, por ser "uma pessoa muito humana e emotiva’’.

No texto divulgado ontem, a Embaixada do Irã reafirma considerar "as declarações e o chamado’’ de Lula "um pedido de um país amigo’’, mas o atribuiu "a sentimen­­tos puramente humanitários’’.

Na entrevista, Ahmadinejad dis­­se esperar que a questão "seja resolvida’’, sem explicar se com a execução ou com a libertação da mulher.

Acusações

O caso de Sakineh ganhou repercussão internacional há alguns meses, quando seus filhos lançaram abaixo-assinado on-line por sua soltura.

Sob pressão, a Suprema Corte do país concordou em revisar o processo, suspendendo a sentença, mas sem descartar execução.

Sob os holofotes, as autoridades passaram a reforçar, inclusive em reportagem exibida na tevê oficial na semana passada, que Sakineh é acusada não só de adultério mas também de coautoria no homicídio. A defesa nega e diz que mesmo uma condenação por coautoria jamais resultaria em apedrejamento.

O ministro dos Direitos Huma­­nos, Paulo Vannuchi, disse que o governo brasileiro continua negociando com Teerã para que Saki­­neh seja enviada ao Brasil na condição de asilada ou refugiada política.

"O governo Lula está pressionando diplomaticamente o go­­verno iraniano para que permita que ela venha para o Brasil", afirmou o ministro.

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