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O Irã reiterou nesta quarta-feira (9) a determinação de dar prosseguimento a seu programa nuclear, apesar de o relatório mais recente da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) acusar o país de tentar produzir armamento atômico. Ao mesmo tempo, um de seus generais, o subcomandante do Estado Maior das Forças Armadas Massud Jazayeri ameaçou destruir Israel, se o Estado hebreu atacar as instalações nucleares da República Islâmica.

"O centro (nuclear israelense) de Dimona é o local mais acessível para o qual podemos apontar. Ante a menor ação de Israel, veremos sua destruição", advertiu o general Jazayeri.

"Não recuaremos nenhum centímetro em nosso caminho", declarou o presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad.

"O Irã não precisa da bomba atômica", completou, em um discurso transmitido pela televisão.

Em relatório divulgado na terça-feira (8), a AIEA manifestou "sérias preocupações" com o programa nuclear do Irã, por possuir informações confiáveis de que o país tentou desenvolver a arma atômica.

"A Agência tem sérias preocupações com uma possível dimensão militar do programa nuclear iraniano", diz o documento da AIEA.

Os países ocidentais reagiram de imediato, destacando que o relatório confirma suas acusações. Também pediram mais sanções contra Teerã, como forma de afastar a ameaça de um bombardeio militar preventivo de Israel.

França, Inglaterra e Alemanha defenderam "sanções novas e fortes" se o Irã não cooperar.

Resoluções

O ministro francês das Relações Exteriores, Alain Juppé, disse que é hora de um recurso ao Conselho de Segurança da ONU, que já aprovou quatro resoluções contra o regime de Teerã.

Os Estados Unidos anunciaram que vão pensar numa maneira de aplicar "pressão suplementar" sobre a República Islâmica, considerando "uma série de possibilidades".

No entanto a Rússia, aliada de Teerã, acusou o relatório de "jogar com a informação" e estar politizado, deixando claro que não vai apoiar a adoção de novas sanções.

Teerã diz que seu programa nuclear tem caráter exclusivamente civil, rebatendo as acusações da AIEA, que chamou de "infundadas" e baseadas em documentos falsos "fabricados pelos serviços de inteligência americanos e ocidentais".

"A AIEA sacrificou sua reputação ao tornar suas as afirmações disparatadas dos Estados Unidos", afirmou nesta quarta-feira Ahmadinejad.

Parcial

O representante iraniano na AIEA, Ali Asghar Soltanieh, acusou o diretor geral do organismo, o japonês Yukiya Amano, de ter agido de forma "parcial, política e não profissional" ao comentar a publicação das "falsas acusações de um pequeno número de países, incluindo os Estados Unidos".

"Teerã não deixará sem resposta este erro histórico do diretor da AIEA", advertiu o representante. Ahmadinejad voltou a insistir que o país "não precisa da bomba atômica".

"O povo iraniano é inteligente, não vai construir duas bombas diante das 20 mil que vocês possuem", disse, em referência aos ocidentais.

Agora, a questão está do lado dos ministros da AIEA, que vão se reunir nos dias 17 e 18 de novembro em Viena, sede da instituição.

Os 35 países membros deverão decidir se, de acordo com os elementos apresentados por Amano, vão levar a questão ao Conselho de Segurança da ONU para pedir novas sanções contra a República Islâmica.

O Irã é objeto de seis resoluções da ONU, quatro delas incluindo sanções por seu programa nuclear, em especial as atividades de enriquecimento de urânio.

A AIEA, que investiga o Irã há oito anos, apresentou o relatório "mais completo e detalhado" sobre o programa nuclear deste país, destacou o ISIS, um "think thank" americano para questões nucleares.

"Mas a AIEA não afirma se o Irã é capaz de fabricar um artefato nuclear explosivo", completa a nota do ISIS.

"A AIEA não sugere em absoluto que o Irã esteja a ponto de produzir armamento nuclear", concorda Peter Crail, analista da Associação de Controle de Armas, com sede em Washington.

Sanções

Assim, para Crail é improvável que China e Rússia se deixem convencer a aprovar novas sanções contra o Irã.

Em Israel, país que fez subir a pressão nos últimos dias falando de um possível ataque preventivo contra as instalações nucleares do Irã, especialistas e políticos expressaram dúvidas sobre a possibilidade de bloquear militarmente o programa iraniano.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, considerou que "o informe da AIEA corrobora a posição da comunidade internacional e de Israel, segundo a qual o Irã está desenvolvendo armas nucleares", e instou a comunidade internacional a "deter essa corrida atômica".

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