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Jeanine Áñez, ex-presidente interina da Bolívia, é acompanhada por seus filhos, José Armando Ribera e Carolina Ribera, até centro médico para exames, 24 de agosto
Jeanine Áñez, ex-presidente interina da Bolívia, é acompanhada por seus filhos, José Armando Ribera e Carolina Ribera, até centro médico para exames, 24 de agosto| Foto: EFE/Stringer

A ex-presidente interina da Bolívia Jeanine Áñez afirmou nesta terça-feira que não quer mais viver, dois dias depois de ter causado lesões nos próprios braços e de ter sido retirada da penitenciária onde está presa para ser submetida a exames médicos.

"Não quero mais viver. Meus filhos precisam seguir a vida deles. Não quero mais medicamentos que não sei quais são. Peço, por favor, aos meus carcereiros que me digam o que estou tomando", disse Áñez, segundo uma postagem de sua família em redes sociais.

A publicação inclui um texto que explica que a ex-governante está "muito fraca" e sofrendo de "forma permanente".

"A cada dez minutos alguém entra na cela para espiá-la, fazer perguntas ou seja o que for. Ela vive em alerta, ansiosa, sem descanso, porque não sabe o que vão fazer: se vão sedá-la, envenená-la ou transferi-la sem um destino conhecido", diz a publicação.

Nesta semana, Carolina Ribera, filha de Áñez, pediu acesso aos registros médicos da mãe por não saber qual tratamento está sendo aplicado. No entanto, o sistema penitenciário da Bolívia argumenta que este documento não é negado a ninguém e que a jovem participou de uma reunião médica.

No sábado, o Ministério de Governo informou que Áñez tentou causar "autolesão", descrita como "arranhões", e que a ex-presidente interina apresentava um quadro estável.

A defesa da ex-governante alegou que Áñez causou estas lesões com um clipe de papel e que as feridas precisavam de pontos.

Após o incidente, ex-presidentes, autoridades locais e organizações internacionais como a União Europeia e a embaixada dos Estados Unidos expressaram preocupação com a saúde de Áñez. Além disso, vários deles pediram para que ela seja autorizada a se defender em liberdade, pois sofre de tensão arterial elevada e síndrome de ansiedade e depressão.

Exames médicos

Áñez, que está presa desde março em uma penitenciária feminina em La Paz, foi levada a uma clínica particular para ser submetida a uma tomografia na cabeça.

"Isso vai determinar se há lesões nos músculos ou nos nervos", comentou à imprensa Mónica Molina, a médica encarregada do exame.

Em meio a um forte esquema de segurança, a ex-presidente interina subiu as escadas com dificuldade e com a ajuda dos dois filhos. Após se submeter ao exame, foi levada de volta para a prisão em uma ambulância.

Áñez deixou a penitenciária três vezes neste mês para passar por avaliações clínicas. A família alega que ela está enfraquecida, enquanto o governo sustenta que apresenta um quadro estável e está apta para cumprir a prisão preventiva.

Protestos na prisão

Mais de dez detentas da penitenciária onde Áñez está protestaram nesta terça-feira para exigir igualdade de tratamento e denunciar supostos "privilégios" da ex-governante, versão que é apoiada pelas autoridades para negar que os direitos de Áñez estão sendo violados.

O ministro do Governo, Eduardo del Castillo, garantiu que os direitos da ex-mandatária estão "protegidos", mas ressaltou que ela tem "privilégios" em comparação com outras prisioneiras. Por esta razão, anunciou que trabalha em uma "iniciativa legislativa" para "transformar as prisões".

"Não vamos permitir que algumas pessoas tenham privilégios enquanto outras sequer têm a garantia do cumprimento de todos os seus direitos", disse Del Castillo.

Entretanto, Ribera postou algumas fotos em redes sociais para mostrar a cela onde está a mãe. "Uma cama, uma mesa, duas cadeiras, um rádio pequeno e uma pia. Estes são os 'luxos' da minha mãe", escreveu.

Áñez está em prisão preventiva desde março por causa do chamado caso "golpe de Estado", baseado em acusações de conspiração, insurreição e terrorismo durante a crise política e social de 2019, que levou à renúncia e fuga do então presidente Evo Morales.

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