Polícia de choque em rua de Almaty, Cazaquistão, durante protestos contra o governo, 5 de janeiro| Foto: EFE/EPA/STR
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O presidente do Cazaquistão, Kasim-Yomart Tokayev, disse nesta sexta-feira que ordenou suas forças de segurança a "atirar para matar sem aviso prévio" os manifestantes, que ele chamou de "terroristas", caso eles ofereçam resistência aos agentes da lei. Protestos anti-governo que começaram por causa da alta dos preços de combustíveis têm provocado caos no país desde o final de semana.

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As cenas de violência continuaram após a chegada ao país de tropas de "manutenção de paz" de aliança liderada pela Rússia. Segundo as autoridades, dezenas de manifestantes foram mortos, assim como 18 policiais e agentes de segurança. Mais de 3 mil pessoas já foram detidas, de acordo com o Ministério do Interior.

As autoridades garantiram na manhã desta sexta-feira que a situação estava sob controle, inclusive em Almaty, maior cidade do país e centro dos distúrbios. No entanto, há relatos de que os tiroteios continuam na cidade.

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Os serviços de internet estão praticamente indisponíveis desde a quarta-feira. Segundo o monitor de internet global NetBlocks, a conectividade no Cazaquistão está em cerca de 5% do normal nesta sexta-feira.

Nos últimos dias, manifestantes invadiram e incendiaram edifícios governamentais em várias cidades do país produtor de petróleo e por um momento ocuparam o aeroporto de Almaty. A imprensa internacional relata que, nesta sexta-feira, centenas de manifestantes estão reunidos duas cidades do oeste do país. Houve também atos esporádicos com até 3 mil participantes em outras cidades.

Tokayev recusa diálogo

"Dei ordem à polícia e ao Exército de atirar para matar sem aviso prévio", disse o presidente cazaque em pronunciamento à nação, além de ressaltar que não vai dialogar "com bandidos armados e preparados, tanto locais como estrangeiros".

O presidente do Cazaquistão, Kassym-Yomart Tokayev, 7 de janeiro| Foto: EFE/EPA/KAZAKH PRESIDENT PRESS SERVICE

Tokayev também afirmou que "terroristas continuam a danificar propriedades estatais e privadas" e "usam suas armas contra os cidadãos".

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"Do exterior, ouvimos apelos às partes para que conversem por uma solução pacífica. Que bobagem! Como você pode ter conversas com criminosos e assassinos?", questionou.

"Os combatentes não entregaram as armas, continuam cometendo crimes ou estão se preparando para cometer novos crimes. A luta contra eles deve ser levada até o fim. Aqueles que não se renderem serão eliminados", advertiu.

Tokayev aproveitou a ocasião para criticar os serviços de segurança do Cazaquistão, que não conseguiram prever a possibilidade da atual crise. "É extremamente importante entender por que o Estado adormeceu e não percebeu a preparação clandestina de ataques terroristas e de células 'adormecidas' dos combatentes", disse.

"Descobrimos que não temos tropas especiais, meios e equipamentos policiais especiais suficientes. Resolveremos este problema com urgência", enfatizou.

Segundo Tokayev, as ações dos manifestantes "mostraram a existência de um plano preciso contra instalações militares, administrativas e sociais", assim como "uma coordenação precisa de suas ações, alta prontidão militar e crueldade para com os animais".

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"Além dos combatentes, havia especialistas prontos para realizar sabotagem ideológica", acrescentou.

O presidente do Cazaquistão elogiou a rápida resposta da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC), uma aliança militar de seis ex-repúblicas soviéticas, que respondeu positivamente ao pedido dele para enviar tropas para ajudar a resolver a crise política.

"Dirijo palavras especiais de agradecimento ao presidente da Rússia, Vladimir Putin. Ele reagiu muito rapidamente e, sobretudo, com um caloroso senso de camaradagem ao meu pedido", declarou.

O Ministério de Defesa da Rússia disse que forças russas de manutenção da paz estão vigiando o aeroporto de Almaty e outros pontos da cidade. A aliança de defesa afirmou que foram enviados 2.500 militares no total.

Tokayev também fez agradecimentos aos líderes de China, Uzbequistão e Turquia, assim como à ONU e a outras organizações internacionais.

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Por outro lado, ele criticou o "papel instigante" da imprensa independente e de alguns políticos estrangeiros, aos quais acusou de "se sentirem acima da lei e considerarem que têm o direito de se reunir e falar sobre o que quiserem".

"As ações irresponsáveis desses lamentáveis ativistas distraem a polícia no cumprimento de suas responsabilidades primárias. Eles são às vezes sujeitos a violência e ofensas", acrescentou.