Nesta foto de arquivo tirada em 8 de agosto de 2018, refugiados Rohingya coletam água no campo de refugiados de Kutupalong, em Ukhia, Bangladesh| Foto: CHANDAN KHANNA/AFP

Bangladesh e Mianmar concordaram em começar, no mês de novembro, a repatriação de centenas de milhares de muçulmanos rohingyas que fugiram da perseguição do exército birmanês e hoje vivem em imensos campos sob condições precárias. 

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Mais de 720 mil rohingyas saíram do oeste de Mianmar, país majoritariamente budista, para Bangladesh desde agosto de 2017, após ataques de insurgentes pertencentes a essa minoria terem desencadeado uma resposta militar do governo que a ONU classificou como genocídio

Em novembro do ano passado, os dois países anunciaram um plano de retorno, mas os refugiados se recusaram a voltar até que sua segurança fosse garantida e o processo estava parado desde então.

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Nos últimos meses, autoridades de Mianmar registraram o retorno de mais de uma centena deles, mas Bangladesh afirma que o processo oficial ainda não começou.

“Esperamos iniciar a repatriação de agora até meados de novembro", declarou o secretário de Relações Exteriores de Bangladesh, Shahidul Haque, após reuniões em Daca entre os responsáveis dos dois países. "É a primeira fase".

Do lado birmanês, o secretário permanente do ministério das Relações Exteriores, Myint Thu, afirmou que o acordo levou a um plano "muito concreto" para iniciar o processo em novembro. 

"Colocamos em prática uma série de medidas para garantir que eles terão um ambiente seguro para seu retorno", disse à imprensa. "Mostramos nossa vontade política, nossa flexibilidade e nossa disponibilidade para começar a repatriação o antes possível."

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Uma missão da ONU foi em setembro ao estado de Rakhine, no noroeste de Mianmar, onde aconteceu o drama dos rohingyas, para avaliar as condição para um possível retorno dos refugiados, mas concluiu que em diversos locais se notava a "falta de confiança, os medos das comunidades vizinhas e um sentimento de insegurança".

O relatório em que a ONU pede punição do comando das Forças Armadas birmanesas por praticar genocídio descreve uma longa lista de crimes contra a humanidade que teriam sido cometidos contra os rohingyas nos estados de Kachin, Shan e Rakhine. Entre eles, torturas, estupros, casos de escravidão sexual e perseguições.

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No documento, divulgado em agosto deste ano, os especialistas mencionam ainda "extermínio e deportação" como dois crimes contra a humanidade cometidos em Rahkine.