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Policiais vigiam defensores do presidente deposto Manuel Zelaya após a desocupação de prédio em Tegucigalpa: prisões e violência | Henry Romerio/Reuters
Policiais vigiam defensores do presidente deposto Manuel Zelaya após a desocupação de prédio em Tegucigalpa: prisões e violência| Foto: Henry Romerio/Reuters

Pressão

Governo é golpista e não interino, diz Dilma

Agência Estado

Brasília - A ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse ontem que não cabe ao governo brasileiro discutir as circunstância em que ocorreu o golpe de Estado em Honduras. "Derrubar um presidente legitimamente eleito, isso é um golpe. O golpe não é relativo", afirmou a ministra, ao ser questionada sobre fato de o golpe em Honduras ter sido provocado pela intenção do então presidente, Manuel Zelaya, de contrariar a Constituição e promover movimento para se reeleger.

"Não vou discutir nem relativizar o golpe. Não cabe ao governo brasileiro fazer isso", disse a ministra, depois de participar da 3ª Conferência Nacional de Aquicultura e Pesca. Segundo ela, o governo brasileiro simplesmente se posicionou em relação a uma situação já dada. "Não podemos ficar discutindo em que circunstâncias ocorreu. Ocorreu um golpe. E esse golpe foi denunciado pelos Estados Unidos, pela ONU (Organização das Nações Unidas), pela OEA (Organização dos Estados Americanos) e nós também denunciamos", afirmou a ministra.

"A ONU e os países democráticos têm manifestado repúdio ao governo golpista que está em exercício", afirmou.

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Tegucigalpa - Em meio ao diálogo em curso para a solução da crise hondurenha, o presidente de fato, Ro­­berto Micheletti, endureceu seu discurso. Ele rechaçou a proposta de empresários, que prevê o retorno de Manuel Zelaya, de­­posto por um golpe de Estado em 28 de junho, à presidência e recuou de sua decisão de revogar o decreto que impôs o estado de sítio no país desde o último domingo.

À imprensa, Micheletti afirmou que as negociações para a solução da crise política de Hon­­duras "ainda não começaram", avisou que estrangeiros "não devem se meter" no assunto. "Não chegou ainda a hora de sentarmos (à mesa de negociação). O que há são comissões de diálogo, que talvez encontrem uma definição em primeira instância", afirmou.

Logo depois de ouvir um apelo dos ministros do Tribunal Su­­perior Eleitoral (TSE) em favor da retirada do decreto, Miche­­letti disse que, antes de tomar uma decisão, ouvirá a Corte Suprema de Justiça e se reunirá com seus ministros.

O governo de fato informou na terça-feira ao representante da Organização dos Estados Americanos (OEA), John Biehl Del Río, que revogaria o decreto. Biehl e o monsenhor Juan José Pineda, bispo auxiliar de Te­­gucigalpa, tentavam ontem abrir o diálogo entre o governo e Zelaya, com o envolvimento de empresários, candidatos à presidência e congressistas, tendo como base o Acordo de San José, negociado pelo presidente da Costa Rica, Oscar Arias.

"Creio que um ponto de consenso continua a ser o (plano de) San José. O que se fez em San Jo­­sé foi uma proposta e creio que deveríamos falar agora de um San José 2", defendeu Pineda.

Apesar dos movimentos contraditórios do governo de fato, a OEA avaliava ontem que as condições de diálogo já estão dadas e, na quarta-feira, a missão chefiada por seu secretário-geral, José Miguel Insulza, estabelecerá a mesa de negociações, informou Biehl.

O consenso, entretanto, pa­­rece ainda longe. Zelaya, em princípio, aceita o Acordo de San José. Mas o governo de fato não se dobrou a seu termo central – o retorno do presidente deposto à chefia de Estado, com poderes limitados, até a posse de seu sucessor, em 27 de janeiro.

"Por que teria de ser um Acordo de San José 2? Temos de discutir seus 12 pontos, tirar os que causam problemas internos e deixar os que seriam factíveis de reformar", afirmou Miche­­letti. "Essa é a nossa intenção clara e transparente."

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Intransigência

Brasileiro é impedido de deixar a embaixada

Agência Estado

Tegucigalpa - O diplomata brasileiro Lineu Pupo de Paula está impedido de deixar a Embaixada do Brasil em Tegucigalpa desde ontem, sob pena de não poder mais retornar ao edifício. A proibição foi imposta pelo fato de o Brasil não reconhecer o governo de fato de Honduras desde o golpe de Estado que derrubou o presidente Manuel Zelaya, em 28 de junho. A chancelaria hondurenha exigiu do Itamaraty o envio de uma nota diplomática para acatar o pedido feito por De Paula de ir e vir à embaixada brasileira.

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, rechaçou a hipótese de encaminhar um texto formal, com timbre oficial, a Tegucigalpa.

Enviado pelo Itamaraty na última sexta-feira, De Paula assumiu a responsabilidade de revezar-se com o encarregado de negócios da embaixada, Francisco Catunda Resende, em turnos de 24 horas.

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