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Foto divulgada pela Marinha dos EUA em 8 de maio mostra o porta-aviões da classe Nimitz Abraham Lincoln durante reabastecimento com o navio de apoio a combate USNS Arctic
Foto divulgada pela Marinha dos EUA em 8 de maio mostra o porta-aviões da classe Nimitz Abraham Lincoln durante reabastecimento com o navio de apoio a combate USNS Arctic| Foto: AFP PHOTO /US NAVY

Um míssil caiu dentro da chamada Zona Verde de Bagdá, uma área fortificada que abriga a Embaixada dos Estados Unidos, disseram autoridades de segurança iraquianas neste domingo (19), em um aparente tiro de alerta para os EUA em meio à crescente tensão com o Irã.

O míssil caiu a menos de uma milha da embaixada dos EUA perto do Parlamento do Iraque e não causou ferimentos ou danos sérios, disse um oficial de segurança. Mas o momento do lançamento aumentou as preocupações no Iraque de que o país será arrastado para um conflito entre dois de seus aliados mais próximos, os Estados Unidos e o Irã.

Não houve reivindicação imediata de responsabilidade, mas a suspeita entre as autoridades iraquianas e os diplomatas ocidentais caiu sobre uma das milícias xiitas que ganha força com o apoio iraniano. Na semana passada, o Departamento de Estado dos EUA tomou a medida extraordinária de ordenar que todos os funcionários não-essenciais deixassem a embaixada e o consulado na cidade de Irbil, no norte do Iraque, citando uma suposta ameaça de grupos iranianos no país.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, adotou um tom ameaçador contra o Irã neste domingo. Por meio de sua conta no Twitter, ele afirma que o Irã será destruído caso queira um confronto contra seu país.

"Se o Irã quiser lutar, este será oficialmente o fim do Irã. Nunca ameacem os Estados Unidos novamente!", escreveu Trump.

Milícias xiitas com laços profundos com Teerã ganharam poder político e militar sem precedentes nos últimos três anos e têm repetidamente lançado mísseis em direção a missões diplomáticas americanas para expressar seu descontentamento com as políticas dos EUA.

No final do ano passado, vários mísseis caíram perto da embaixada dos EUA em Bagdá e do consulado dos EUA em Basra, sem deixar feridos, durante um processo de formação do governo em que os Estados Unidos tentaram impedir membros da milícia iraquiana de moldar o gabinete do país após as eleições em que ficaram em segundo lugar em número de assentos ganhos no Parlamento.

O governo Trump respondeu fechando o consulado em Basra.

Preocupação iraquiana

O incidente deste domingo contribuiu para um crescente sentimento no Iraque entre políticos e diplomatas de que o Iraque pode se tornar o palco para um conflito imprevisível entre Washington e Teerã – uma perspectiva que os líderes do Iraque repetidamente advertiram que pode desestabilizar Bagdá enquanto a região se recupera de uma guerra de quatro anos para derrubar o Estado Islâmico.

O Irã e os Estados Unidos tiveram um papel militar fundamental no apoio às forças militares e milícias do Iraque no esforço de derrotar o grupo militante e, desde então, tentaram transformar essa assistência em influência política e econômica.

O presidente e o primeiro-ministro iraquianos insistiram que Bagdá busca laços estreitos com as duas potências e quer permanecer neutro na rivalidade que se transformou em belicosas advertências de ação militar desde que o presidente Donald Trump assumiu o cargo. Ele abandonou um acordo nuclear entre o Irã, a Europa e os Estados Unidos e impôs sanções econômicas generalizadas.

O Irã respondeu tentando aproximar o Iraque de sua órbita como forma de compensar os efeitos debilitantes das sanções americanas.

Autoridades iraquianas e diplomatas europeus alertaram que mesmo uma pequena provocação como o lançamento do míssil no domingo pode desencadear uma resposta americana pesada, levando a região ainda mais à violência e à instabilidade.

O secretário de Estado americano Mike Pompeo e o conselheiro de segurança nacional John Bolton foram explícitos em suas ameaças ao Irã, dizendo que responsabilizarão Teerã por quaisquer ações tomadas por seus aliados no Iraque, Síria, Líbano ou Iêmen, onde o Irã patrocina um grande número de poderosas milícias.

No início deste mês, Pompeo fez uma viagem surpresa a Bagdá para mobilizar os líderes do Iraque para o lado norte-americano.

A ordem para evacuar parcialmente a Embaixada dos EUA e suspender os serviços de vistos veio logo em seguida, irritando alguns legisladores iraquianos que disseram que Washington estava punindo o Iraque por uma rivalidade política da qual não quer participar. As advertências americanas também levaram a ExxonMobil a começar a evacuar funcionários de um campo de petróleo em Basra neste fim de semana, segundo a agência de notícias Associated Press.

Os Estados Unidos transferiram um grupo de porta-aviões da Marinha e aviões de combate para a região nas últimas semanas, em resposta ao que a Casa Branca considera ameaças "iminentes" do Irã contra as forças americanas. O governo Trump não forneceu nenhuma evidência para a alegação, que foi recebida com ceticismo e desconfiança por alguns legisladores americanos e aliados europeus e iraquianos, que suspeitam que os EUA politizem a disputa diplomática com o Irã.

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