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Entrevista a revista americana

Moraes diz que nazistas poderiam “dominar o mundo” se tivessem acesso às redes sociais

Aula de Moraes na USP
O ministro Alexandre de Moraes em sessão da Primeira Turma do STF: redes sociais em foco na Justiça brasileira (Foto: Rosinei Coutinho/STF)

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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes afirmou em uma entrevista que "os nazistas poderiam ter dominado o mundo se tivessem acesso ao X", empresa pertencente ao bilionário Elon Musk.

A declaração foi divulgada nesta segunda-feira (7) pela revista americana The New Yorker, com a qual Moraes conversou para criticar o que ele considera extremismo digital e a atual situação política do Brasil.

De acordo com o ministro, o "avanço da extrema direita" teria começado durante a Primavera Árabe, um movimento que atingiu diversos países árabes a partir de 2010 com manifestações contra governos. Nesse período, segundo Moraes, "a direita percebeu que poderia mobilizar pessoas pelas redes sociais sem intermediários”, para fins políticos.

Em seguida, ele faz menção ao período do nazismo, citando o ministro da Propaganda de Adolf Hitler, Joseph Goebbels. “Se Goebbels estivesse vivo e tivesse acesso a X, estaríamos condenados”, disse o magistrado, acrescentando que “os nazistas teriam dominado o mundo”.

A revista apresentou Moraes como um "juiz combativo" que é "frequentemente classificado como o segundo homem mais poderoso do Brasil".

Na entrevista à The New Yorker, o ministro defendeu que “a extrema direita quer tomar o poder — não dizendo que se opõe à democracia, porque isso não ganharia apoio público, mas alegando que as instituições democráticas são fraudadas”.

Segundo Moraes, é usado um "populismo altamente estruturado e altamente inteligente" que o Brasil e os EUA ainda "não aprenderam a revidar".

O entrevistado relembrou o embate com o empresário Elon Musk na Justiça brasileira, após o dono do X se recusar a cumprir ordens judiciais que considerou ilegais.

No ano passado, o ministro chegou a bloquear o acesso ao X em território nacional, o que provocou uma série de críticas acusando-o de agir com "censura" contra a população brasileira.

“Como todas as outras empresas, esta [o X] deve cumprir a lei brasileira. Quem intensificou a desobediência foi a empresa sob o comando direto de seu maior acionista. E naquele momento Musk se tornou pessoalmente responsável também”, afirmou Moraes, que apontou as redes sociais como "o maior poder de todos", atualmente.

Moraes foi questionado ainda pela revista sobre uma possível condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro, alvo em um processo por tentativa de golpe de Estado. O ministro do STF, diretamente envolvido na ação, evitou comentar seu posicionamento, informando apenas que o julgamento ainda iria começar.

Por outro lado, ele pontuou que Bolsonaro possui duas condenações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o tornam inelegível até 2030, ações que disse não ver atualmente "nenhuma possibilidade" de reversão.

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