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Hungria tenta combater o desemprego através de projetos de obras públicas, como essa fazenda estatal de porcos em Halmaj | Akos Stiller para The New York Times
Hungria tenta combater o desemprego através de projetos de obras públicas, como essa fazenda estatal de porcos em Halmaj| Foto: Akos Stiller para The New York Times

A porca perto da porta do celeiro parecia alegre nesta fria manhã. Ela era enorme, enfiou seu focinho através das grades de seu chiqueiro e grunhia enquanto Jeno Baba, de 27 anos, acariciava sua cabeça.

"Tudo está bem," disse Jozsef Toth, fazendo uma inspeção no final da manhã. Ele é o chefe, pois está em praticamente todas as instalações que funcionam na aldeia. Ele também é o prefeito.

Baba, demitido de seu emprego na linha de montagem da BlackBerry, está feliz com o trabalho, mesmo que seja só para se qualificar para o auxílio público. "Todo mundo sabe que não dá para ganhar dinheiro sem trabalhar", ele disse.

Em um programa instituído pelo governo direitista do primeiro-ministro Viktor Orban, os desempregados devem aceitar empregos em "programas de trabalho comunal" para obter algo melhor do auxílio público. Centenas de milhares de húngaros arrumaram trabalho no programa.

Se tudo isso soa um pouco generoso para um líder acusado de inclinações autoritárias, os apoiadores de Orban dizem que o fato mostra apenas a pouca compreensão das diferentes maneiras em que os antigos países comunistas se desenvolveram.

"Existem entre 300 mil e 500 mil pessoas capazes de trabalhar, mas sua socialização para o trabalho é muito fraca", disse Lajos Kosa, vice-presidente executivo do Fidesz, o partido da situação. "Eles precisam ser guiados para o mundo do trabalho, mas faltam habilidades fundamentais." Essas habilidades fundamentais incluem chegar ao trabalho na hora ou terminar uma tarefa que lhe foi atribuída, ele disse.

Halmaj, com seus 1.800 habitantes, é um pequeno emaranhado de ruas escondido na beira da rodovia que liga Miskolc, a terceira maior cidade da Hungria, à fronteira eslovaca nas proximidades. Os motoristas que passam, mal percebem que ela está lá. Mesmo assim, em muitos aspectos, ela é uma boa amostra das forças de trabalho na pobre zona rural húngara.

Há a economia fraca, o desemprego endêmico que o governo combate com projetos de obras públicas, e o desejo de assimilar camponeses pobres a uma vida de trabalho por salário. Há também o anseio por uma identidade húngara em um país onde muitos moradores se sentem ameaçados por imigrantes, emigração e um estilo de vida pan-europeu que não vai bem das pernas. Orban fez deste anseio a pedra fundamental de seu apelo.

Para receber mais do que o mínimo de auxílio público, cerca de US$90 por mês, os moradores devem aceitar um desses empregos comuns. Se o fizerem, podem ganhar entre US$180 e US$285 por mês.

Até o momento, Toth emprega cerca de 150 pessoas em sete projetos. Um grupo cava valas, corta ervas daninhas e executa outras melhorias na vila. Outro cuida de pinheiros, corta árvores para lenha e para alimentar uma caldeira de biomassa que aquece alguns dos edifícios públicos. Alguns cuidam de porcos e galinhas, outros gerenciar uma crescente tropa de cavalos. Algumas mulheres da vila trabalham em uma fábrica de massas. O grupo maior cultiva legumes e grãos em 45 hectares pertencentes à vila, comida que é usada para alimentar crianças em idade escolar ou é vendida em um mercado pequeno.

A aldeia também aprovou uma lei exigindo que todos os proprietários de imóveis mantenham sua propriedade e cultivem jardins, ao invés de deixar que as ervas daninhas assumam o controle. Se não o fizerem, o auxílio público é cortado. Os críticos às vezes comparam o sistema a uma forma de trabalho forçado. Alguns moradores ainda se recusam a participar do trabalho comunal, mas não muitos. Antes do programa, o desemprego na aldeia era de 20 por cento, disse o Toth. Agora é só de quatro por cento.

"A ideia é criar projetos que agregam valor para a aldeia, que poderá se tornar autossustentável, e para aumentar a autoestima dos desempregados e levá-los de volta ao trabalho."

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