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Sirapat Pratontep ajudou a desenvolver máquina que usa sensores para avaliar autentici-dade de pratos | giorgio taraschi para The New York Times
Sirapat Pratontep ajudou a desenvolver máquina que usa sensores para avaliar autentici-dade de pratos| Foto: giorgio taraschi para The New York Times

Percorrendo o mundo como primeira-ministra da Tailândia, Yingluck Shinawatra deparou-se muitas vezes com um problema preocupante: comida tailandesa de má qualidade. Ela pôde constatar que, em muitos casos, as refeições não eram dignas de ser descritas como tailandesas, sendo suaves ou insossas demais para serem consideradas genuínas.

O problema a incomodou tanto que ela o mencionou numa reunião do gabinete. O partido político de Shinawatra foi afastado em um golpe militar em maio deste ano, mas a iniciativa da ex-premiê sobrevive na forma de um projeto governamental para padronizar a arte da culinária tailandesa —com a ajuda de um robô.

Os promotores da máquina dizem que ela é capaz de avaliar comida tailandesa cientificamente, identificando a diferença entre um curry verde correto —com a mistura precisa de manjericão tailandês, pasta de curry e creme fresco de coco— e uma imitação de baixa qualidade.

O Thai Delicious Committee, financiado pelo governo, descreve a máquina como "um robô inteligente que mede o aroma e o sabor de ingredientes culinários com a ajuda de tecnologia de sensores, como um crítico gastronômico".

Em um país de 67 milhões de pessoas, quase todas têm opiniões fortes sobre a culinária. Mas parece haver concordância em relação a um ponto: a comida tailandesa de baixa qualidade é um problema pior fora do país. Os tailandeses reclamam que os restaurantes tailandeses no exterior suavizam os condimentos e não respeitam o equilíbrio delicado entre doce, azedo, salgado e apimentado de grau quatro de ardência.

Ingredientes como tamarindos frescos, limões tailandesas e "galangal", raiz aromática semelhante ao gengibre, não são fáceis de obter no exterior, e as substituições rendem pratos que são imitações de baixa qualidade."Há muitos restaurantes tailandeses em todo o mundo que não pertencem a tailandeses", explicou Supachai Lorlowhakarn, assessor da Agência Nacional de Inovação, responsável pelo programa.

A agência gastou um terço de seu orçamento de 30 milhões de "bahts" —cerca de US$ 1 milhão— para criar o Thai Delicious, incluindo US$ 100 mil para desenvolver a máquina.

Ela avalia alimentos, medindo sua condutividade em diferentes voltagens. São combinadas leituras de dez sensores para produzir uma assinatura química. Sirapat Pratontep, que comandou o desenvolvimento da máquina, explicou: "É só colocar a comida na máquina e receber a avaliação."

No caso do "tom yam", por exemplo —sopa condimentada com uma infusão de folhas de limão nativo e coentro—, os pesquisadores contrataram 120 degustadores da Universidade Chulalongkorn, em Bancoc. Dez sopas preparadas de modos diferentes foram servidas aos degustadores, que deram notas a todas. As coordenadas químicas da sopa vencedora foram programadas na máquina.

Nem todos aprovam. Thaweekiat Nimmalairatana, 35, dono de uma barraquinha de comida em Bancoc, questionou a própria noção de receitas padronizadas.

"Uso minha língua para testar se a comida está deliciosa ou não. Acho que o governo deveria chamar um humano."

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