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O presidente da emissora britânica BBC, o ex-banqueiro Richard Sharp, durante leitura do comunicado em que anuncia sua renúncia, em 28 de abril de 2023
O presidente da emissora britânica BBC, o ex-banqueiro Richard Sharp, durante leitura do comunicado em que anuncia sua renúncia, em 28 de abril de 2023| Foto: Reprodução/BBC

O presidente da emissora britânica BBC, o ex-banqueiro Richard Sharp, renunciou nesta sexta-feira (28), após um relatório ter concluído que ele violou as regras sobre nomeações públicas ao facilitar um empréstimo ao ex-primeiro-ministro, Boris Johnson, que o nomeou para o cargo.

Em comunicado, Sharp explicou que toma esta decisão para "dar prioridade aos interesses" da emissora, uma vez que o assunto "poderia ser uma distração para o bom trabalho da corporação".

Sharp tinha sido acusado de interceder na concessão de um empréstimo pessoal de 800 mil libras a Johnson antes de ser nomeado diretor da BBC e de não ter declarado o fato, embora tenha sempre negado que incorreu em conflito de interesses quando assumiu o cargo, em 16 de fevereiro de 2021.

O ex-banqueiro já teve de comparecer perante uma comissão parlamentar, depois que o jornal The Sunday Times noticiou que ele tinha sido indicado pelo ex-líder conservador para a presidência da BBC, poucas semanas depois de tê-lo "ajudado a arranjar uma garantia para um empréstimo de até 800 mil libras".

O relatório independente do advogado Adam Heppinstall, publicado nesta sexta-feira (28), recomenda "uma revisão das atuais regras em matéria de conflito de interesses, incluindo uma nova seção que trate das relações e interações entre os candidatos e as nomeações ministeriais, e da forma como os assuntos confidenciais ou sensíveis podem ser tornados públicos".

O documento sugere ainda que "se considere a possibilidade de aconselhar os funcionários superiores no que diz respeito à gestão de potenciais conflitos entre ministros e candidatos".

No final da década de 2020, quando Sharp era assessor do Ministério da Economia, colocou o amigo Sam Blyth, um primo afastado de Boris Johnson, em contato com o chefe dos funcionários, Simon Case, que queria ajudá-lo nas suas notórias dificuldades financeiras.

Em seu comunicado, Sharp admite que se tratou de um fato que "ignorou" ao declarar eventuais conflitos de interesses. "A opinião de Heppinstall é que, embora eu tenha violado o código que rege as nomeações públicas, essa violação não invalida necessariamente uma nomeação", afirma Sharp.

Reagindo à renúncia, a direção da BBC declarou que Sharp é "uma pessoa íntegra", assim como "um presidente muito eficaz" para a corporação. "Aceitamos e compreendemos a decisão dele em renunciar. Queremos deixar registrados os nossos agradecimentos a Richard, que foi um colega valioso e respeitado e um presidente muito eficaz para a BBC", afirmou a emissora.

O cargo de Sharp estava em risco desde as revelações do Sunday Times, mas a sua posição ficou ainda mais frágil após o escândalo de março com o principal apresentador da emissora, o ex-jogador Gary Lineker, que foi suspenso por expressar suas opiniões políticas nas redes sociais.

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