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Ainda que a Rússia alegue que a disputa com a Ucrânia é puramente econômica, a coloração política é cada vez mais evidente. As relações entre os dois países vêm se deteriorando desde a Revolução Laranja de 2004, que levou o presidente Viktor Yushchenko, de tendência pró-ocidental, ao poder. Os analistas acreditam que as acusações da Gazprom de que a Ucrânia está desviando gás tem como objetivo degradar as relações entre Kiev e o Ocidente. No entanto, Moscou está obtendo efeito inverso, dizem os analistas.

A pressão russa estaria aproximando Kiev do Ocidente, particularmente da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). A "guerra do gás" entre Ucrânia e Rússia "reforçará a orientação pró-OTAN da política exterior da Ucrânia", aponta o especialista em política Vadim Karasiov. Se a pressão russa for exagerada, o resultado será contraproducente, diz a analista Vira Nanivska. Ao expor segundas intenções russas, a Ucrânia estaria se isentando do rótulo de sócio não-confiável.

O distanciamento que Kiev tomou de Moscou vem das disputas políticas travadas na Ucrânia nos últimos anos. Na eleição presidencial de novembro de 2004, o vencedor oficial foi o então primeiro-ministro Viktor Yanukovich, apoiado pelo presidente Leonid Kuchma. Acusações de fraude e protestos levaram o Parlamento a declarar nula a eleição. Na segunda votação, em dezembro daquele ano, o candidato pró-Ocidente venceu, com 52% dos votos. A cor laranja, que permeou a campanha de Yushchenko, acabou sendo adotada pelo governo, para simbolizar a guinada na orientação política do país.

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