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Multidão exige renúncia do governo da Turquia

O comando militar defende um Estado laico e acusa o atual governo de "tolerar ou alentar" atividades nos círculos islâmicos radicais.

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A Turquia avançava na sexta-feira para mudar sua legislação e permitir eleições diretas para presidente, o que pode modificar drasticamente o panorama político no país de maioria muçulmana.

O partido governista AK, de raízes islamitas, anunciou a proposta de mudança constitucional esta semana, depois de uma disputa judicial que barrou a eleição indireta de seu candidato à Presidência.

A Justiça determinou na terça-feira que a primeira eleição, no Parlamento, tinha sido inválida por falta de quórum. Os partidos da oposição haviam boicotado a votação.

O premiê Tayyip Erdogan, um político experiente e popular, espera passar por cima da oposição, dos tribunais e do Exército com seu plano, e os jornais afirmam que muitos turcos são a favor das eleições diretas.

O comitê constitucional do Parlamento discutiu na sexta-feira emendas acordadas pelo AK e pelo Anap, da oposição --um passo importante para a adoção do pleito por voto popular direto.

O apoio do Anap permitiria à proposta obter dois terços dos votos no Parlamento, o necessário para emendar a Constituição. A reforma deve ser votada nos próximos dias.

"Acho que o partido AK consegue fazer isso", disse William Hale, professor da Universidade Sabanci, em Istambul.

Os defensores de um governo laico temem que o AK tente acabar com a separação entre Estado e religião. O partido governista nega querer transformar o país em um Estado islâmico.

Com essa preocupação, o Exército já derrubou quatro governos desde 1960. O chefe das Forças Armadas, general Yasar Buyukanit, reuniu-se por horas com Erdogan na sexta-feira, numa atitude encarada como apaziguadora.

Erdogan antecipou as eleições parlamentares nacionais para o dia 22 de julho, mais de três meses antes que o programado, na tentativa de acabar com o impasse entre seu governo e a poderosa elite laica, que inclui generais e juízes.

Ele já prometeu insistir com a eleição presidencial anulada nos tribunais. Ela deve acontecer no dia 6 de maio.

Se o Parlamento aprovar a reforma constitucional, o presidente poderá ser eleito por voto popular ainda em 2007.

O AK vem tentando realizar reformas econômicas liberalizantes com o objetivo de colocar o país na União Européia, cortejar os investidores estrangeiros e melhorar o respeito aos direitos humanos no país. O partido chegou ao poder em 2002, em meio a uma profunda crise financeira.

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