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desfile militar Putin 2020
Tanques T-34 da era da Segunda Guerra Mundial percorrem a Praça Vermelha durante um desfile militar, que marca o 75º aniversário da vitória soviética sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial| Foto: Alexander NEMENOV/AFP

A pandemia de Covid-19 adiou, mas não impediu o presidente da Rússia, Vladimir Putin, de realizar a tão aguardada parada militar em comemoração aos 75 anos da vitória da União Soviética sobre o regime nazista da Alemanha na Segunda Guerra Mundial. Nesta quarta-feira (24), passaram pela Praça Vermelha cerca de 14 mil soldados de 13 países, mais de 200 equipamentos militares - novos e da época da guerra - e 75 aeronaves.

A principal exibição do poder militar russo, que deveria ter ocorrido em 9 de maio não fosse a pandemia, foi reagendada para exatamente uma semana antes do referendo que pode dar a Putin a possibilidade de se manter no poder até 2036. A parada é um importante componente na estratégia do presidente para elevar sua imagem de homem forte e motivar o nacionalismo russo em um momento de crise econômica, de saúde e também de uma crise de popularidade para Putin.

"É impossível imaginar o que seria do mundo se o Exército Vermelho não tivesse se defendido", afirmou Putin em discurso na Praça Vermelha. "Seus soldados [os soldados do Exército Vermelho] não precisavam da guerra, nem de outros países, nem glória, nem honras. Eles se esforçaram para esmagar o inimigo, alcançar a vitória e voltar para casa. E pagaram um preço irrecuperável pela liberdade da Europa…Foi o nosso povo que derrotou o terrível, total mal".

Em outras ocasiões, Putin elevou sua popularidade apostando no nacionalismo. O caso mais emblemático foi a tomada da Crimeia, em 2014, quando o presidente viu seus índices de aprovação subirem vertiginosamente. Porém, ao longo dos anos, esse sentimento tem diminuído. A crise econômica causada pela pandemia e pela queda nos preços do petróleo passou a ser o foco da atenção da população e a falta de uma resposta forte e centralizada por parte do governo fez com que muitos se sentissem abandonados pelo seu líder. O custo total do pacote fiscal apresentado pela Rússia como resposta à pandemia é estimado em 2,9% do PIB, segundo o Fundo Monetário Internacional - no Brasil, por exemplo, todas as medidas fiscais anunciadas representam 11% do PIB. O resultado deste descaso foi uma queda dramática na popularidade - a pior desde que assumiu a presidência há 20 anos.

O que está em jogo desta vez é o aval da população para os planos de Putin de permanecer no poder. Por meio de uma grande mudança na constituição, Putin quer “zerar” o contador dos mandatos presidenciais, permitido que ele concorra ao mais importante cargo da nação por mais duas vezes. Sob as atuais normas, após concluir seu mandato em 2024, ele não poderia mais concorrer. A reforma constitucional também pretende consagrar valores conservadores ao, por exemplo, definir "família" exclusivamente como a união de um homem e uma mulher.

Essas reformas já foram aprovadas pelo Parlamento russo e pelo Tribunal Constitucional do país. Se Putin conseguir um bom apoio popular ao se projeto de poder no referendo de 1º de julho, ele poderá dizer, em momentos de crise no futuro, que foram os cidadãos russos que optaram por sua permanência no poder.

Armas

  • Ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, saúda soldados
  • Tanques T-34 da era da Segunda Guerra Mundial
  • Tanque Armata do exército russo
  • Militares russos marcham na Praça Vermelha
  • Veículos militares da Rússia desfilam pela Praça Vermelha
  • Tanques T-34 da era da Segunda Guerra Mundial
  • Sistema de mísseis balísticos do exército russo RS-24 Yars percorre a Praça Vermelha
  • Bombardeiro estratégico Tupolev Tu-160
  • Militares marcham pela Praça Vermelha
  • Guardas de honra russos
  • Desfile militar na Praça Vermelha, em Moscou
  • Helicópteros militares russos Mil Mi-8 sobrevoando a Praça Vermelha
  • Veículos militares russos percorrem a Praça Vermelha durante desfile militar
  • Cadetes da organização militar juvenil de Yunarmiya
  • Soldados chineses
  • Soldados do Exército de Libertação Popular da China marcham na Praça Vermelha
  • Helicópteros militares russos Mil Mi-8 e Mil Mi-26 voam sobre o Kremlin
  • Presidente russo, Vladimir Putin, assiste ao desfile ao lado de veteranos

Entre as armas modernas do exército russo apresentadas no desfile estavam os veículos blindados Tigr-M e Taifun com vários armamentos, veículos de combate de infantaria BMP-3, veículos de combate BMPT 'Terminator' e também veículos de ataque aéreo BMD-4M e blindados de transporte de pessoal BTR-MDM 'Rakushka'. Os espectadores também viram sistemas de artilharia, sistemas de mísseis táticos Iskander-M e três sistemas de mísseis balísticos intercontinentais móveis Yars.

Algumas armas que desfilaram pela Praça Vermelha nunca haviam sido exibidas em público, como os sistemas de mísseis terra-ar Buk-M3, os complexos de defesa aérea S-350 'Vityaz' e os lançadores de mísseis terra-ar S-300V4, segundo informou a agência russa Tass.

Unidades de exércitos estrangeiros também participaram da marcha: Azerbaijão, Armênia, Bielorrússia, Índia, Cazaquistão, Quirguistão, China, Moldávia, Mongólia, Sérvia, Tajiquistão, Turquemenistão e Uzbequistão.

A parada militar encerrou com um sobrevoo de 75 aeronaves e helicópteros, inclusive o maior helicóptero de transporte militar do mundo, o Mil Mi-26, que tem 40 metros de comprimento e 8 metros de altura.

Coronavírus

O desfile ocorreu mesmo em meio ao surto de coronavírus no país. Com mais de 600 mil infecções confirmadas, é o terceiro do mundo com mais casos, atrás de Estados Unidos e Brasil. Só nesta quarta-feira foram confirmados 7 mil casos. Mais de 8,5 mil russos morreram por causa da doença, mas há grande suspeita sobre esse número, visto que a taxa de letalidade é muito inferior do que em outros países.

Porém, a pandemia fez com que importantes líderes mundiais, como o presidente da França, Emmanuel Macron, e da China, Xi Jinping, faltassem ao evento. Participaram apenas lideranças de ex-repúblicas soviéticas como o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko. Medidas de prevenção da propagação do coronavírus, como uso de máscaras e distanciamento, não foram observadas pela maioria do público presente.

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