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Delegados e participantes se reúnem em salão da Conferência do Clima da ONU COP26, em Glasgow, Escócia, 9 de novembro
Delegados e participantes se reúnem em salão da Conferência do Clima da ONU COP26, em Glasgow, Escócia, 9 de novembro| Foto: EFE/EPA/ROBERT PERRY

Diversas organizações de defesa do meio ambiente indicaram que o rascunho do acordo para a 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), apresentado nesta quarta-feira, é "insuficiente e pouco sólido".

O rascunho é um acordo inicial entre as cerca de 200 nações e será usado como modelo para o acordo final na conferência, que se encerra na próxima sexta-feira.

O documento pede que os países estabeleçam metas mais agressivas de redução de gases poluentes, acelerem a eliminação gradual de carvão. Também pede que as nações definam políticas para interromper a adição de gases de efeito estufa até meados do século, para ajudar a manter o aumento da temperatura global em níveis relativamente seguros.

A presidência da reunião de cúpula publicou hoje o texto inicial, que segundo disse à Agência Efe o presidente para a Transição Ecológica do Congresso de Deputados da Espanha, Juan Antonio López de Uralde, evidencia "uma forte luta dos grupos de pressão das empresas de combustíveis fósseis".

O parlamentar, que lidera o partido ecologista Aliança Verde, afirmou que "o que sempre acontece nestas cúpulas, especialmente devido à falta de caráter vinculante dos acordos, é enfrentar esses grupos de pressão, contra quem é preciso tomar medidas urgentes".

O coordenador de Energia e Clima da ONG espanhola Ecologistas em Ação, Javier Andaluz, garantiu que "um rascunho de texto com tão pouco como o apresentado nesta madrugada é inadmissível".

O ativista lamentou que, após dez dias de negociação, o documento apresentado pelo presidente da COP26, o britânico Alok Sharma, "não diz nada do que soubéssemos antes de vir".

"Já sabíamos que os compromissos e o financiamento eram insuficientes, mas o que se esperava dos países é que solucionassem isso nesta cúpula, o que não estão fazendo", disse Andaluz à Efe.

Já Irene Rubiera, que é delegada da ONG Ecologistas em Ação na conferência de Glasgow, afirmou que "se esse rascunho de acordo se converter em resultado final da cúpula, a comunidade internacional terá perdido outra vez a chance de tomar medidas que sigam as orientações científicas".

David Howell, responsável por energia e clima da organização SEO/Birdlife, disse à Efe que se espera "uma aposta sólida e séria para proteger a natureza" e que os países pressionem "amarrar no texto final tudo o que for relacionado com a conservação de ecossistemas para 2030".

"São esponjas naturais de CO2 e representam uma infraestrutura natural para reduzir as emissões", afirmou o especialista.

O Greenpeace, por sua vez, avaliou que o "rascunho do texto final não é um plano para resolver a crise climática, é um acordo para que todos cruzemos os dedos e esperemos que aconteça o melhor possível".

"Trata-se de uma petição para que os países, talvez, possam fazer mais no ano que vem. É insuficiente", indicou a organização, por meio de comunicado.

"O texto deve ser muito mais sólido em matéria de financiamento e adaptação", completou a ONG, lembrando que é preciso incluir cifras reais de centenas de bilhões de dólares, para que os países ricos ofereçam suporte aos menos desenvolvidos.

"Os negociadores não deveriam nem pensar em sair desta cidade até que tenham chegado a um acordo a altura do momento, já que, com toda segurança, este não está", conclui o Greenpeace.

O que diz o documento

O primeiro rascunho divulgado pela presidência da COP26, cobra os países ricos a elevar a ajuda para adaptação das nações desenvolvidas.

O texto "reafirma" o objetivo global ao longo prazo de manter o aumento da temperatura média do planeta abaixo dos 2ºC, na comparação com níveis pré-industriais e de esforço para limitá-lo a 1,5ºC, embora reconheça que neste segundo cenário, o impacto seria "muito menor".

Ao mesmo tempo, a COP26 "lamenta registrar que, no entanto, não foi cumprido o objetivo dos países desenvolvidos de mobilizar US$ 100 bilhões anuais a partir de 2020" e reforça a necessidade de que haja "um apoio significativamente maior", para além desse montante, para viabilizar o financiamento climático.

No documento, que deverá ser debatido até sexta-feira pelos representantes de governos, há destaque para as crescentes necessidades de adaptação para os países que já sofrem com os efeitos do aquecimento global.

O rascunho "reconhece que as necessidades seguirão aumentando", diante da gravidade do impacto das temperaturas crescentes, por isso, "enfatiza a urgência de incrementar a ação e o apoio, para aumentar a capacidade adaptativa, reforçar a resistência e reduzir a vulnerabilidade" dos países em desenvolvimento.

O texto expressa "preocupação" que os fundos para esta adaptação sejam insuficientes, por isso, cobra que os países ricos os aumentem "urgentemente".

Sobre as medidas para combater a mudança climática, a presidência da COP26, "convida" as nações a considerar novas oportunidades para reduzir emissões, embora cobre que acelerem medidas para "o fim do carbono e dos subsídios para os combustíveis fósseis".

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