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Condenado na semana passada por 20 crimes pelo vazamento de documentos sigilosos dos EUA, o soldado Bradley Manning pode agora enfrentar uma pena máxima de 90 anos - um número ainda assustador, mas inferior aos 136 anos aos quais ele poderia ser sentenciado num cálculo inicial.

Manning, de 25 anos, foi condenado por vazar para o WikiLeaks arquivos confidenciais das guerras do Iraque e Afeganistão e milhares de correspondências diplomáticas dos EUA. Ele escapou da pena de prisão perpétua ao ser absolvido da acusação de ter ajudado o inimigo.

A defesa pediu esta semana que algumas condenações fossem associadas a um mesmo conjunto de penas, reduzindo o máximo de prisão para 80 anos. A juíza Denise Lind acatou a argumentação da defesa, mas limitou a redução a 90 anos. A sentença final sai nas próximas semanas.

Lind também desqualificou duas afirmações de testemunhas da promotoria. que estendiam os impactos dos vazamentos de Manning para dias atuais. Ambas afirmavam que até hoje os EUA têm menos facilidade de conversas com membros da sociedade civil e com ativistas de direitos humanos depois das revelações feitas pelo site WikiLeaks.

Quando se preparava para sentenciar Manning por passar informações para o site de Julian Assange, ela afirmou que só consideraria as consequências do vazamento se elas tivessem sido observadas logo após as informações terem se tornado públicas.

Dois oficiais do Departamento de Estado, o subsecretário de administração Patrick Kennedy e o assistente Michael Kozak afirmaram que as revelações de Manning divulgadas pelo WikiLeaks "esfriaram" a relação dos diplomatas americanas com membros da sociedade civil de outros países, que se demonstraram menos dispostos a conversar com os representantes do Estado americano.

A juíza militar aceitou o argumento, mas definiu que o dano deve ser medido no período imediatamente posterior ao das divulgações feitas em 2010. O testemunho de Kennedy, que estendia o impacto até o presente, foi considerado por ela "especulativo e inadmissível".

A afirmação de Kozak de que as ações de Manning causaram e continuam a causar dano na relação dos EUA com trabalhadores de organizações internacionais de direitos humanos também foi descartada.

A defesa do soldado passou a admitir que ele é culpado do vazamento após uma negociação com a juíza e a promotoria. Seu pai, Brian, disse em uma entrevista recente que ele acredita na inocência do filho, que estaria "encenando" durante o julgamento.

Na quarta-feira, a defesa emitiu uma nova lista de testemunhas, que incluem uma tia de Manning. Elas devem ser ouvidas na semana que vem. Entre as atenuações alegadas pela defesa, a que Manning estava em um período de instabilidade emocional porque não tinha condições de assumir sua homossexualidade e a preferência de se vestir de mulher. Outra alegação é de que ele não tinha acesso a mais de 10 mil documentos cujo vazamento foi associado a ele.

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