Forças contrárias a Kadafi em Trípoli: tiroteios desta sexta-feria (14) foram o primeiro sinal de resistência armada na capital da Líbia desde a queda do regime| Foto: Ismail Zitouny

A capital da Líbia, Trípoli, teve tiroteios nesta sexta-feira (14) entre dezenas de simpatizantes do líder deposto Muammar Kadafi e as forças do novo governo. Esse foi o primeiro sinal de resistência armada ao Conselho Nacional de Transição (CNT) na cidade desde que as brigadas rebeldes tomaram a capital e colocaram fim aos 42 anos de Kadafi, em agosto. Embora as batalhas tenham sido pequenas e o número de vítimas, baixo, o incidente suscitou preocupações de que o governo interino possa enfrentar uma insurgência por parte dos homens leais a Kadafi. Centenas de combatentes do CNT em caminhonetes gritando "Allahu Akbar" ("Deus é o maior') faziam uma carreata pelo bairro de Abu Salim, centro de apoio a Kadafi, e os dois lados trocaram tiros de metralhadora. Segundo moradores locais, um grupo de 50 homens armados haviam aparecido em Abu Salim mais cedo e cantado slogans pró-Kadafi. Os homens do CNT disseram que também ocorreram confrontos em outros três bairros nas proximidades. "Gaddafi lhes disse numa mensagem ontem à noite para se levantarem após as orações de sexta-feira", disse um combatente do CNT, Abdullah. "É por isso que essas poucas pessoas saíram e estão causando esse problema." O ex-líder divulgou uma série de gravações em áudio pedindo que os seus simpatizantes lutem. "Peço que todo povo líbio saia às ruas e marche aos milhões em todas as praças, em todas as cidades, vilarejos e oásis", disse ele no começo do mês. "Saiam pacificamente, sejam corajosos, levantem-se, saiam às ruas, ergam nossas bandeiras verdes aos céus".

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Os combatentes do CNT retiraram à força um homem de um conjunto de apartamentos de Abu Salim. Enquanto ele era chutado e socado, um dos homens do CNT lhe deu uma facada nas costas. Não estava claro se foi um golpe fatal. O homem detido tinha uma granada, afirmaram os combatentes do CNT, cujas forças têm sido criticadas pelos grupos de direitos humanos pelo tratamento dispensado aos prisioneiros. Outros dois atiradores pró-Kadafi foram detidos no bairro de Abu Salim, afirmaram os comandantes do CNT. Dominado por blocos de apartamentos, o bairro foi um dos últimos lugares a cair quando o novo governo tomou a cidade depois de seis meses de guerra civil.