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O sargento americano suspeito de ter matado 16 civis afegãos estaria bêbado na hora da chacina e sofreria de estresse. O militar estaria em sua quarta missão e ainda teria brigado com a esposa no último domingo quando invadiu três casas na província de Kandahar, atirando contra moradores, contou um alto funcionário americano na quinta-feira ao "New York Times".

"Quando tudo se esclarecer, será uma combinação de estresse, álcool e problemas domésticos", disse o funcionário que não quis se identificar.

Enquanto novos detalhes sobre o militar de 38 anos aparecem, o Exército se prepara para transportar o sargento para um prisão americana nesta sexta-feira. Ele está no Kuwait e deve ser transferido para o Kansas. A mudança foi organizada às pressas. Autoridades kuwaitianas ficaram enfurecidas depois descobrir pela imprensa que o soldado responsável pelo massacre em Kandahar estava em seu território. Nesta manhã, o presidente afegão, Hamid Karzai, disse que vai investigar se houve mais de um soldado envolvido na chacina em Kandahar, como algumas testemunhas afirmam, e reclamou que não está havendo cooperação entre investigadores americanos e o Exército afegão.

"O chefe do Exército disse que a equipe de investigação afegã não está recebendo a cooperação que esperavam dos Estados Unidos", afirmou o presidente. "Eles não acreditam ser possível que uma pessoas tenha feito aquilo tudo sozinha. Em sua família (de uma das testemunhas), pessoas foram mortas em quatro quartos, mulheres e crianças, todos foram levados para um quarto e queimados. Isto, um homem sozinho não pode fazer."

O militar, casado e pai de dois filhos, estava em sua primeira missão no Afeganistão, mas já tinha servido três vezes no Iraque, onde foi ferido duas vezes. A identidade do soldado ainda não foi divulgada pelo Pentágono, mas, em entrevista em Seattle, o advogado John Henry Browne, deu mais detalhes sobre o caso. Segundo ele, o sargento estaria infeliz em sair dos EUA para mais uma missão - sua quarta, por causa de ferimentos que teria sofrido no Iraque. Um dia antes, o soldado ainda teria visto um amigo perder uma perna durante um combate. Browne, no entanto, negou a versão de que o militar teria um casamento conturbado e questionou as versões de que ele estaria embriagado e sob forte estresse.

"O soldado e a mulher tinham um casamento muito saudável", disse Browne, acrescentado que o militar tem dois filhos, um de 3 e outro de 4 anos.

O sargento já teria recebido diversas condecorações no Exército americano. Segundo Browne, ele seria um "militar de carreira" e se alistou um semana depois dos ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001. O advogado diz ter falado com o próprio soldado por telefone, mas se negou a confirmar se seu cliente tem problemas psicológicos ou confessou os crimes.

Chacina vira motivo de revoltas

O massacre do último domingo, em uma área remota de Kandahar acabou com a morte de 16 civis - incluindo nove crianças e três mulheres - e gerou protestos em várias cidades afegãs. O episódio acontece em meio à escala do antiamericanismo no país e pode influenciar no cronograma do fim da guerra.

Menos de uma semana após o incidente, o presidente Hamid Karzai pediu na quinta-feira que as forças lideradas pela Otan deixem todos os vilarejos e áreas rurais afegãs, confinando-as às bases militares, até o próximo ano. Quase simultaneamente, o Taleban suspendeu as negociações de paz com os Estados Unidos, uma das grandes apostas de Washington para alcançar a estabilização do Afeganistão e evitar uma crise política após a retirada, como aconteceu no Iraque, ano passado.

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