Moradores de Kiev passam por barreira antitanque em 15 de abril; prefeito da capital afirmou que aqueles que deixaram a cidade ainda não devem retornar.| Foto: Oleg Petrasyuk/EFE/EPA
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A Ucrânia ainda está à espera da ofensiva final das tropas russas no Donbas, região em que continuam as tentativas de capturar Mariupol e onde as autoridades admitiram que alguns militares se renderam – mas não mais de mil, como afirma a Rússia. “O inimigo continua aumentando o seu agrupamento aéreo perto da fronteira leste do nosso país, aumenta as forças de artilharia e otimiza os sistemas de comando”, informou o Estado-Maior do Exército ucraniano em relatório de guerra.

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De acordo com os militares ucranianos, os russos “continuam lançando sistematicamente ataques com mísseis e bombas contra infraestruturas militares e civis nas regiões de Kharkiv, Donetsk e Zaporizhzhia”. Além disso, reforçaram o agrupamento russo perto de Severodonetsk, na região de Lugansk, e continuam o assédio à cidade portuária de Mariupol: “Eles não tiveram sucesso, a luta continua”, informou o Estado-Maior.

O Reino Unido, que publica relatórios diários sobre a situação na Ucrânia, divulgou nesta quinta-feira que as cidades de Kramatorsk e Kostiantynivka, na região de Donetsk, podem ser novos alvos para as tropas russas. Segundo o Ministério da Defesa britânico, “ataques generalizados com mísseis e artilharia” e o nível de violência em torno de outras cidades da região colocam agora Kramatorsk e Kostiantynivka na mira.

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Rússia fala em mais de mil ucranianos capturados; Kiev nega

A Rússia anunciou nesta quinta-feira que outros 134 fuzileiros navais se renderam na noite passada em Mariupol, elevando para 1.160 o número de militares ucranianos que “voluntariamente” abandonaram as armas nas últimas horas. Até agora, a Ucrânia apenas confirmou que “alguns” militares foram “capturados” pelos russos, mas não revelou quantos foram feitos prisioneiros. O assessor presidencial ucraniano Oleksiy Arestovych disse em entrevista que “parte da 36.ª Brigada de Fuzileiros Navais foi capturada em uma tentativa de invasão, mas não são mil pessoas, muito menos”.

Além das supostas baixas em Mariupol, o regime de Moscou afirma que mais de 1 mil soldados ucranianos capturados pelas tropas russas durante a campanha militar na Ucrânia estão na Rússia. Na sexta-feira, o presidente do Comitê de Instrução russo, Aleksandr Bastrikin, afirmou que “o trabalho continua com os militares [ucranianos] que se renderam. Mais de mil deles estão em território russo. A grande maioria deles foi interrogada por investigadores”, segundo a agência de notícias oficial Tass.

Bastrikin acrescentou que os investigadores identificaram outros 15 comandantes das Forças Armadas da Ucrânia acusados ​​pela Rússia de “genocídio de civis em Donbas”, e assegurou que Moscou tem informações sobre entregas de armas para a Ucrânia por parte de 25 países, incluindo 21 da Otan. O senador russo Andrey Klimov ainda declarou que entre os prisioneiros capturados na Ucrânia há soldados dos países da Aliança Atlântica. “Vamos tornar público e haverá julgamentos”, garantiu o parlamentar.

A Ucrânia anunciou na quinta-feira uma nova troca de prisioneiros com a Rússia, por meio da qual 30 cidadãos ucranianos foram libertados, entre militares e civis. O grupo era composto por 17 soldados, cinco oficiais e oito civis, segundo dados da vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Vereshchuk. Ela informou no início deste mês que a Ucrânia tinha cerca de 500 prisioneiros russos em seu território, capturados desde o início da invasão, em 24 de fevereiro. A primeira troca acordada com a Rússia ocorreu em 24 de março, quando dez soldados ucranianos foram trocados por outros dez membros das Forças Armadas russas.

Corredores humanitários para evacuação serão reabertos

A vice-primeira-ministra Iryna Vereschuk anunciou, na quinta-feira, a abertura de nove corredores humanitários para permitir a evacuação de cidadãos das áreas mais afetadas pelo conflito e a entrega de produtos de primeira necessidade, depois de tê-los mantido fechados na véspera devido à intensidade das hostilidades. O mais problemático é o corredor aberto a partir de Mariupol, cidade praticamente destruída por bombardeios e onde, segundo as autoridades locais, permanecem cerca de 120 mil habitantes.

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De acordo com separatistas pró-russos em Donetsk, 167 residentes de Mariupol, incluindo 19 crianças, foram evacuados nesta quinta-feira para a autoproclamada república. O Ministério da Defesa russo diz receber diariamente centenas de pedidos de ucranianos que desejam evacuar para a Rússia, enquanto Kiev acusa Moscou de deportações forçadas de ucranianos. Segundo fontes ucranianas, dezenas de milhares de pessoas, incluindo muitos menores, foram transferidos à força de Mariupol para territórios controlados pela Rússia, embora alguns tenham escolhido essa rota porque não conseguiram chegar ao território ucraniano controlado pelas autoridades de Kiev.

Moscou acusa Ucrânia de atacar cidades russas na fronteira e ameaça retaliação

A Rússia voltou a acusar a Ucrânia de atacar áreas na fronteira entre os dois países com helicópteros, em incidentes que deixaram oito pessoas feridas. Moscou avisou no dia anterior que tais ataques poderiam provocar uma retaliação a Kiev. “O número e a escala de ataques de mísseis a alvos em Kiev aumentarão em resposta ao cometimento por parte do regime nacionalista de Kiev de qualquer ataque de natureza terrorista ou de sabotagem em território russo”, disse o porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov, em seu relatório matutino.

Na noite de quinta-feira, os arredores da capital ucraniana já foram bombardeados com foguetes Kalibr. Segundo Konashenkov, o ataque ocorreu contra a fábrica de construção de máquinas Vizar em Vyshneve, a 16 quilômetros do centro da capital. O porta-voz militar indicou que essas oficinas produziam e reparavam sistemas de mísseis antiaéreos de longo e médio alcance, bem como mísseis antinavio.

A ação ocorreu depois que a Rússia acusou a Ucrânia de ter realizado pelo menos seis ataques aéreos contra edifícios residenciais na vila de Klimovo, na região fronteiriça de Briansk, deixando pelo menos oito feridos de gravidade variável. Viacheslav Gladkov, governador de Belgorod (Rússia), perto da cidade ucraniana de Kharkiv, também acusou os ucranianos de terem realizado outros ataques em duas cidades da região. Um dia antes, a Rússia denunciou outros ataques contra um posto de fronteira na região de Kursk, ao norte de Belgorod. No entanto, o Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) observou nesta sexta, em seu canal no Telegram, que as interceptações de conversas telefônicas russas confirmam que “a própria Rússia atirou na vila de Klimovo”, supostamente, segundo a conversa, para “provocar” a Ucrânia.

Após as acusações, a Rússia ameaçou, na quarta-feira, bombardear centros de comando na capital ucraniana se seu exército atacar ou realizar outras ações de sabotagem em território russo. Se tais tentativas continuarem, disse Konashenkov na ocasião, “as Forças Armadas russas lançarão ataques contra centros de tomada de decisão, inclusive em Kiev, dos quais o Exército russo se absteve até agora”.

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Na manhã desta sexta, as sirenes antiaéreas foram ativadas na capital ucraniana. O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, apelou à parte da população que deixou a capital para não volte ainda, pois Kiev está em estado de alerta e não é totalmente segura.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]