• Carregando...
Pedinte em frente de catedral de Notre-Dame, em Paris. | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Pedinte em frente de catedral de Notre-Dame, em Paris.| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Na parte lateral da estação, na Rua du Départ, Phillipe, de 60 anos, pode ser avistado todos os dias pela manhã, sentado em uma banqueta alta, suas duas muletas encostadas na parede.

Foi um SDF (sigla para pessoas sem domicílio fixo) desde os primeiros dias de vida, nascido de um parto na rua.

Nos últimos anos, dormiu muitas noites ali mesmo, protegido pelo muro na parte interna da garagem.

“Mas é preciso dormir com um olho bem aberto”, alerta.Sua história, verdadeira ou não, é digna de um filme.

Phillipe conta que por dez anos integrou a unidade de paraquedistas das forças especiais do Exército francês. Sua deficiência, diz, é consequência de uma bala recebida na perna durante uma operação no Afeganistão. Fora do serviço militar, foi experimentar a vida em Londres, na companhia de um amigo, que o teria convencido depois a se aventurar em Nova York.

“Tínhamos US$ 3,5 mil cada um, mas perdemos tudo na primeira noite. Consegui alguns trabalhos e conheci minha mulher, mas ela morreu no 11 de Setembro. Em 2004 retornei para a França, mas nunca me recuperei”, diz.

Phillipe diz recolher até 160 euros (R$ 700) diários de esmolas. Quanto atinge esta soma, retorna mais cedo para o albergue onde atualmente está alojado.

“Estou bem no albergue. Quando cheguei, dividia um dormitório com mais sete SDFs. Agora mudei para um quarto em que somos quatro. Mas, por vezes, eu pago uma noite de hotel para poder lavar minha roupa e ver jogos de rúgbi na TV”, diz.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]