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Sanções

União Europeia dá o troco e reduz em 90% importações de petróleo da Rússia

Bloco proibiu maior parte das importações de petróleo da Rússia, mas sofre com os altos custos da energia (Foto: Christophe Licoppe/Comissão Europeia/Wikimedia Commons)

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Em resposta à invasão promovida pela Rússia à Ucrânia desde fevereiro de 2022, o Ocidente aplicou uma série de sanções ao país de Vladimir Putin. Várias delas atingiram um pilar da economia russa: as exportações de energia.

A União Europeia impôs um bloqueio da maior parte das importações de petróleo bruto e produtos petrolíferos russos. Na semana passada, o bloco divulgou um comunicado no qual apontou um marco importante: diminuiu em 90% suas importações desses produtos da Rússia.

Segundo o informe, essas compras da Rússia pelo bloco somaram 1,4 milhão de toneladas em março deste ano, ante uma média mensal de 15,2 milhões de toneladas nos três anos entre 2019 e o início de 2022.

Essas compras foram substituídas por outros fornecedores, como Estados Unidos, Arábia Saudita, Argélia, Reino Unido, Brasil, Angola e Emirados Árabes Unidos.

O informe da UE ressaltou que essa transição não foi e não está sendo tranquila: foram necessárias duas liberações de estoques de emergência em março e abril de 2022 para estabilizar o mercado, coordenadas pela Agência Internacional de Energia.

Enquanto vários países do bloco participaram dessas ações conjuntas, utilizando parte dos seus excedentes de reservas emergenciais, outros ficaram abaixo dos níveis mínimos exigidos por uma diretiva do bloco. Os países-membros foram orientados a reabastecer seus estoques emergenciais de petróleo até os níveis mínimos exigidos até 31 de março deste ano.

Segundo o comunicado da UE, em julho de 2022, dez países do bloco estavam abaixo do nível mínimo nacional estabelecido (Bulgária, República Tcheca, Irlanda, Croácia, Itália, Letônia, Lituânia, Hungria, Áustria e Romênia). Em março, a Bulgária, a República Tcheca, a Irlanda, a Letônia e a Lituânia permaneciam abaixo dos patamares acordados.

Na sexta-feira (23), a União Europeia proibiu completamente o fornecimento de petróleo russo através do ramal norte do oleoduto Druzhba para a Alemanha e a Polônia, o que deve afetar ainda mais os números das importações da Rússia. Matérias-primas de outros países ainda poderão ser entregues por esta via.

Gás russo

A União Europeia também procurou se livrar da dependência do gás russo. No final de 2021, poucas semanas antes do início da guerra na Ucrânia, 41% do gás natural consumido pelo bloco vinha da Rússia. Um ano depois, essa proporção havia caído para 13%.

Segundo o Conselho da UE, a compensação ocorreu principalmente com um forte aumento das importações de gás natural liquefeito (GNL), em grande parte dos Estados Unidos.

Entretanto, num movimento incoerente, as importações da União Europeia de GNL da Rússia aumentaram 38% em 2022. Num questionamento enviado este mês ao Parlamento Europeu, a comissária para energia da União Europeia, Kadri Simson, informou que as compras de GNL russo representaram 17,4% das importações da Espanha desse produto em abril.

O país ibérico triplicou suas importações de GNL russo, destacou Simson, que pediu que o bloco parasse com essas compras e pediu providências para que fossem adotadas sanções também para esse produto.

Além do aumento das importações de GNL da Rússia, outro desafio que a UE enfrenta na sua tentativa de asfixiar a Rússia economicamente é que a Índia e a China, aliadas do Kremlin, aumentaram suas importações de petróleo, gás e carvão (também alvo de sanções pelo bloco) do país de Vladimir Putin.

Especialistas acreditam que grande parte das exportações de petróleo russas estão sendo direcionadas para o Ocidente por meio de intermediários, como o Azerbaijão e a Turquia.

Custo

Enquanto tenta sangrar a economia russa, a União Europeia tem sofrido com o custo da energia. A guerra da Ucrânia e os cortes de produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep+), entre outros fatores, fazem com que o preço da commodity, ainda que esteja abaixo do registrado nos primeiros meses do conflito, ainda permaneça acima dos patamares pré-pandemia.

A Alemanha, antes acostumada ao gás russo barato, entrou em recessão técnica no primeiro trimestre, ao acumular seis meses de contração econômica. O ministro da Economia, Robert Habeck, argumentou que a alta dependência que o país tinha das exportações de energia da Rússia e as tentativas de substituí-las provocaram a recessão.

A Zona do Euro, grupo de 20 estados-membros da União Europeia que adotaram oficialmente o euro como moeda comum, também entrou em recessão técnica. Essa contração e a inflação persistente geram preocupação sobre o preço que o bloco está pagando para punir Moscou pela invasão à Ucrânia.

Entretanto, George Friedman, analista geopolítico e fundador do site Geopolitical Futures, afirmou à Forbes que acredita que esses desafios serão superados e que o sacrifício europeu decorrente do cerco econômico à Rússia valerá a pena.

“Além do fato de que muitas previsões econômicas estão se mostrando erradas ou exageradas, a obsessão com a economia pode fazer uma nação se esquecer do fato de que uma grande guerra está sendo travada perto e ela faz parte dela. E na guerra, dar um tiro no próprio pé é um ferimento leve”, argumentou o especialista.

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