Cientistas argentinos anunciaram nesta terça-feira a criação de quatro vacas clonadas e geneticamente modificadas capazes de produzirem insulina humana no seu leite, algo que pode reduzir significativamente o custo do tratamento da diabete. As recém-nascidas vacas da raça Jersey - batizadas de Patagônia 1, 2, 3 e 4 - vão começar a produzir o hormônio humano quando atingirem a maturidade, segundo a Bio Sidus, empresa de biotecnologia responsável pelo projeto.
- Este modelo de uma vaca geneticamente modificada nos permite produzir grandes quantidades de produtos a um custo baixíssimo - disse o diretor-gerente Marcelo Criscuolo, acrescentando que a insulina produzida pelas vacas seria pelo menos 30% mais barata. - O know-how pecuário que temos na Argentina realmente nos deu uma vantagem tremenda na geração da tecnologia - disse ele em entrevista coletiva.
Para produzir produtos farmacêuticos a partir do leite, os cientistas inserem o gene humano correspondente em um embrião, antes de implantá-lo numa vaca que servirá de "mãe de aluguel." Nesse caso, foi usado um gene próprio da insulina. Depois de ordenhado, o leite é purificado e refinado para que a insulina seja extraída. Técnicas similares já foram usadas para produzir proteínas humanas em cabras e vacas.
A Argentina, terceira maior exportadora mundial de carne e famosa pela qualidade de seus rebanhos, é um dos poucos países que já clonaram vacas. A Bio Sidus pegou um feto de vaca num abatedouro, retirou algumas células e colocou o gene da insulina humana.
Foram então usadas técnicas de clonagem para fundir os núcleos geneticamente modificados dessas células nos óvulos de vacas. O processo de clonagem inicia a divisão dos óvulos como se eles tivessem sido fertilizados, e estes então são colocados nas "mães de aluguel." As bezerras nasceram de cesariana em fevereiro e março.
Os cientistas esperam que a insulina produzida no seu leite esteja disponível no mercado em cerca de dois anos. A insulina é usada no tratamento da diabete tipo 1 e nos casos mais graves da diabete tipo 2, que é mais comum, ligada à obesidade e ao sedentarismo.
Há cerca de 200 milhões de diabéticos no mundo, e os cientistas argentinos dizem que apenas 25 vacas produtoras de insulina seriam suficientes para atender aos 1,5 milhão de vítimas da doença no país.
A fonte inicial da insulina na medicina foram os pâncreas de vacas, cavalos, porcos e peixes, por produzirem quase a mesma insulina que os humanos. Atualmente, a maior parte da insulina consumida no mundo é produzida em tanques por bactérias geneticamente modificadas.
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