Venezuela passa a controlar telefônica

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Caracas – O Estado venezuelano completou ontem com sucesso o processo de aquisição de um pacote majoritário da Compañía Anónima Teléfonos de Venezuela (CANTV) e tomará o controle de suas instalações no dia 21, informou o ministro das Telecomunicações venezuelano, Jesse Chacón.

A oferta pública de aquisição (opa) lançada pelo governo do presidente Hugo Chávez sobre a CANTV foi concluída na última terça-feira, e com isso o Estado passou a controlar 86,21% das ações da companhia. O ministro qualificou o resultado de "muito satisfatório".

A opa foi lançada em 9 de abril, após a venda de 28,51% das ações da CANTV ao governo em 12 de fevereiro pela até então principal acionista da companhia, a americana Verizon Communications. A aquisição da maioria das ações da CANTV faz parte do plano do governo do presidente venezuelano, Hugo Chávez, de nacionalizar todos os setores "estratégicos para a segurança e a soberania da nação".

O presidente argumentou que, em situações críticas anteriores, a CANTV se prestou a tarefas de desestabilização e chegou a gravar algumas de suas conversas, algo do qual a atual direção se desvinculou.

Histórico

A CANTV, que era estatal até 1991, foi vendida naquele ano a companhias estrangeiras, dentro da onda de privatizações que ocorreu na América Latina. Até a opa, a CANTV era a maior empresa privada da Venezuela, e seu volume de negócios só era superado pelo grupo estatal Petróleos de Venezuela SA (PDVSA). A companhia domina 78% do serviço de internet e possui mais de quatro milhões de clientes na telefonia celular, através da filial Movilnet.

O ministro das Telecomunicações disse ontem em entrevista coletiva que 79,62% das ações da CANTV, incluindo as da Verizon, foram negociadas através das bolsas de valores de Nova Iorque e Caracas.

A escolha da opa como mecanismo de aquisição neutralizou as versões, divulgadas por setores da oposição, de que a operação não respeitaria as regras do mercado e se assemelharia a uma desapropriação. Chacón disse que a operação custará ao Estado US$ 1,6 bilhão, que serão pagos entre 15 e 18 de maio.

Os funcionários atuais e aposentados da CANTV ficaram com 5,72% das ações, e 8,07% delas permaneceram em poder de particulares que ignoraram a opa.

No dia 21, será realizada uma assembléia extraordinária da Cantv para escolher a nova diretoria, o que representará "uma mudança de filosofia, na qual se substituirá a rentabilidade a curto prazo dos atuais donos por uma rentabilidade social", assegurou Chacón. "Os venezuelanos sentirão a mudança quanto à qualidade do serviço, preços, coberturas e novas tecnologias", completou.