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Conflitos entre estudantes e polícia em Atenas já dura seis dias. Os protestos começaram após um jovem ser assassinado por um policial grego. | Yiorgos Karahalis/Reuters
Conflitos entre estudantes e polícia em Atenas já dura seis dias. Os protestos começaram após um jovem ser assassinado por um policial grego.| Foto: Yiorgos Karahalis/Reuters

Cerca de 4.000 colegiais participaram de uma manifestação nesta quinta-feira (11) em Atenas, no sexto dia de protestos contra o governo conservador grego. Houve novos confrontos entre manifestantes, que atiraram pedras, e policiais, que usaram gás lacrimogêneo.

Em outros pontos do país também continuam ocorrendo protestos, inicialmente contra a morte de um jovem de 15 anos pela polícia, mas também devido à corrupção e às dificuldades econômicas. Na véspera, uma greve geral de 24 horas parou o país.

"Abaixo o governo de assassinos", diziam alguns cartazes dos manifestantes em Atenas. Vários participantes os policiais de "porcos assassinos". Esta é a pior onda de distúrbios na Grécia desde o fim do regime militar (1967-74).

Helicópteros sobrevoavam as ruas enquanto os manifestantes ateavam fogo a pilhas de lixo nas desertas avenidas da capital.

Os protestos foram menos intensos que nos dias anteriores, mas há manifestações marcadas para quinta, sexta e segunda-feira em Atenas, e muitos gregos já se perguntam até quando o governo conseguirá sobreviver.

"O governo mostrou que não pode lidar com isso. Se a polícia começar a impor a lei, todos dirão que a junta militar está de volta", disse o eletricista Yannis Kalaitzakis, 49 anos.

Em Atenas, os confrontos recomeçaram ao alvorecer, quando os estudantes que ocupam a universidade enfrentaram a polícia. Os distúrbios em seguida se espalharam para 15 delegacias em diversos bairros.

Em Tessalônica (norte), cerca de 500 pessoas cercaram a delegacia central de polícia. Há protestos em pelo menos dez cidades, com prejuízos de centenas de milhões de euros.

Muitas pessoas estão irritadas com o fato de o policial de 37 anos, acusado da morte do adolescente, não ter expressado remorso aos investigadores na quarta-feira. Ele disse que deu tiros de alerta em autodefesa, que ricochetearam e mataram o jovem.

Epaminondas Korkoneas e seu parceiro, acusado de cúmplice, foram presos na quarta-feira para aguardar por julgamento. Geralmente os tribunais gregos levam meses para começar a julgar casos.

Componente econômico

Dados divulgados nesta quinta-feira mostraram a gravidade da crise econômica. O desemprego, especialmente acentuado entre jovens e mulheres, subiu de 7,1 por cento em agosto para 7,4 por cento em setembro, encerrando quatro anos de declínio. Os economistas dizem que a tendência é de a alta continuar, acompanhando a crise internacional.

"Nossa prioridade é ajudar os grupos sociais mais necessitados e proteger empregos", disse o primeiro-ministro Costas Karamanlis em Bruxelas, onde participa de uma cúpula da União Européia.

No mercado de títulos, o "spread" (diferença) entre os papéis gregos e os títulos de referência alemães - uma medida do risco percebido pelos investidores - atingiu seu maior nível nesta década, quase 2 pontos percentuais.

"Não esperamos que os investidores esqueçam esta situação facilmente", disse David Keeble, diretor de pesquisa de renda fixa do banco Calyon.

Karamanlis e o líder da oposição, George Papandreou, fizeram apelos pelo fim da violência, que abalou dez cidades gregas e danificou centenas de milhões de euros em propriedades. Gregos também protestaram em Paris, Moscou, Berlim, Londres, Roma, Haia, Nova York, Itália e Chipre.

Embora o governo grego, que tem maioria de apenas um deputado no Parlamento, pareça ter conseguido controlar a crise mais imediata, sua aparente omissão diante dos distúrbios pode afetar ainda mais a sua popularidade, já bastante baixa. O Pasok (partido socialista, o maior da oposição) lidera as pesquisas de opinião e pediu antecipação das eleições.

"O cenário mais provável agora é que Karamanlis convoque eleições dentro de dois ou três meses", disse Georges Prevelakis, professor de Geopolítica da Universidade Sorbonne, em Paris.

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