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Terremoto no Peru

Vivemos à espera do pior, diz consultor brasileiro que trabalha na capital do Peru

Sempre alerta. Desde o terremoto de 8 graus que atingiu o Peru na quarta-feira passada, este tem sido o lema do brasileiro Luiz Antonio Andrade, funcionário de uma empresa paulista que presta consultoria para um banco radicado em Lima. Hospedado no 9º andar de um hotel localizado no bairro de Miraflores, o consultor dorme vestido, mantém documentos e dinheiro sempre à mão e chega a fazer hora na rua, com medo de voltar para o quarto, cujas paredes ficaram rachadas de cima a baixo ( A tragédia em imagens ).

- Por mais seguro que seja, é um prédio de 19 andares. A impressão que fica é que vai tudo cair em cima da sua cabeça - conta Luiz Antonio, que não dorme direito desde que o pior terremoto da história recente do Peru fez mais de 500 vítimas e deixou 1.500 feridos e 30 mil desabrigados.

Segundo o brasileiro, a tensão é coletiva. Principalmente porque, a todo momento, tremores secundários de intensidades variadas atingem a cidade.

- Mesmo a quase 300 quilômetros do epicentro, Lima continua sendo atingida por tremores. Com menor intensidade, é claro, mas suficientes para assustar a todos. É aquela história: gato escaldado tem medo de água fria - disse.

Há dois anos vivendo num vai-e-vem entre São Paulo e a capital peruana, Luiz conta que nunca se sentiu tão vulnerável na vida.

- Por volta de 20h30min [de sábado] aconteceu mais um tremor que me fez descer correndo pelas escadas do hotel, apesar da orientação das autoridades para que permaneçamos calmos e para que evitemos nos locomover durante os episódios. Mas manter a calma durante um tremor de 5,5 graus na escala Richter não é fácil - desabafou. - Quase todos no hotel estão dormindo de roupa, apenas sem os sapatos. O casaco, com passaporte, documentos e dinheiro no bolso, fica no caminho da porta. Vivemos à espera do pior.

Traumatizado com os acontecimentos dos últimos dias, o consultor tenta antecipar o seu retorno ao Brasil e cogita não mais voltar ao Peru.

- Minha passagem está marcada para a próxima sexta-feira, mas eu estou tentando a todo custo antecipar. E, sinceramente, se eu puder não volto nunca mais para cá, por melhor que o país seja.

Na tentativa de espairecer e relaxar, Luiz e os outros brasileiros que, como ele, estão no Peru a trabalho se reuniram no sábado em uma cidade próxima à capital peruana para um churrasco "tipicamente brasileiro", que estava marcado há mais de um mês.

- Tinha guaraná e farofa. Foi um sucesso - contou.

Mas a felicidade do consultor durou pouco.

- Na volta para o hotel, houve mais tremores.

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